Ano que vem, teremos eleições municipais e muita gente já está se preparando para disputar uma vaguinha de prefeito ou de vereador em sua cidade, fazendo cursinho, mestrado ou doutorado, bem como a famigerada e disfarçada campanha extemporânea. Do Oiapoque ao Chuí, serão milhares de candidatos usando dos mais diversos meios - com prevalência para os escusos - para alcançar a pretensa meta de criar infraestrutura de qualidade, respeitar o erário público, no caso de prefeitos e apresentar projetos de relevância e fiscalizar contas, no caso dos vereadores. Apesar de os valores éticos da maioria do povo brasileiro se encontrarem em recônditas profundezas nesta época, pois são muitos os assédios para se conquistar votos, ainda existem aqueles que sabem muito bem o que representa trocá-los por qualquer tipo de vantagem pessoal em detrimento das verdadeiras obrigações de quem foi eleito para representá-los. Categoria esta em que se incluem muitos cidadãos de bem que, mesmo tendo necessidades de qualquer outro 'mortal', por exemplo, arranjar um emprego público para um filho, uma promoção para alguém da família ou algo para si, não conseguem enxergar o processo eleitoral como uma espécie de escambo, onde valores materiais sejam trocados por valores morais. O comércio em que transformaram as eleições, com total predomínio do poder econômico, faz surgir todo o tipo de corrupção, ativa e passiva, só faltando surgirem anúncios nos classificados de jornais com os títulos COMPRA-SE OU VENDE-SE VOTOS. Por mais que a justiça eleitoral e a sociedade tentem, ainda haverá, durante muito tempo, fichas e mentes sujas disputando pleitos apoiados por eleitores igualmente sujos com incansáveis justificativas para seus atos.
