sábado, 10 de setembro de 2011

VALE À PENA?

Às vezes, me pergunto se não sou crítico demais. E se vale à pena ser assim. Mas, depois de ter sido o único sobrevivente em uma 'corrida homérica' e agraciado por Deus, não posso me dar ao luxo de engolir sapos, fingir que não vi o que está definitiva e comprovadamente errado. Senão, vejamos: pode-se conviver, por exemplo, entre bueiros que explodem, com trens que descarrilam, traçantes cruzando os céus das comunidades, macas de hospitais com defuntos que 'aguardam a vez de ser atendidos', leis feitas por legisladores com o intuito de beneficiá-los - e só a eles e aos seus -,transportes que, durante horas e em veículos perigosos e desconfortáveis, conduzem milhões a um salário miserável, segregados por cotas cada vez mais ridículas e sem sentido plausível, cuja avaliação é uma 'simples confissão' ao IBGE, com uma educação abaixo da média de qualquer má educação, governos que subtraem, deslavadamente, o que é público, jogando os recursos no privado e na privada e, agora, parece que virou moda, cercado de movimentos populares disto e daquilo? Pode-se, também, conviver com um plano econômico que diz não haver inflação quando todos os meses, durante as compras, a história não é bem assim, com medo da polícia e suas blitzen, de sair dos bancos após uma retirada, independente do valor, do sexo, da idade e até da finalidade? Pode-se, ainda, ter medo de falar em política, revelar ideologias, suas preferências por candidatos, ser quase obrigado a defender o PT, partido de uma presidenta insegura, criticar autoridades constituídas e mantidas com dinheiro público, sem correr o risco de ser processado? E perseguido? Mas para quem se considera acima de qualquer suspeita, como grande parte da população, apesar das limitações e do canto da sereia, a ética é um bem incomensurável que vale à pena e não nos permite arrependimentos. Apesar dos dissabores da luta desigual e das nítidas desvantagens, neste momento, as trincheiras, reitero, valem à pena e são sinal de que existe o contraditório e há outras opções para quem pretende mudanças. Afinal, uma democracia não deve ser boa quando eu mando em você e, sim, quando você manda em mim, desde que haja um bom argumento.