sábado, 1 de outubro de 2011

COMISSÃO DA VERDADE?


O governo petista, paladino da Justiça e arauto da moralidade e que só deve ter em seus quadros pessoas 'perseguidas injustamente' e candidatos à beatificação, demorou mas conseguiu aprovar projeto de lei para instalar a tal da Comissão da Verdade. O projeto objetiva investigar crimes contra os direitos humanos e, segundo o Executivo, deverá trazer a público somente um relatório que listará os crimes de perseguição, tortura, desaparecimento forçado, ocultação de cadáver e assassinatos nesses 42 anos que foram motivados por razões políticas. E é aí que começam a surgir dúvidas quanto à sua real intenção, pois mesmo prevendo a manutenção da Lei da Anistia de 1979, que 'perdoou' crimes políticos, o reaparecimento de muitas feridas provocadas pelo excesso do regime da época - e, isto, não se discute - é inevitável. Resta saber se, por exemplo, se discutirá o perigo do avanço da ditadura do proletariado, como queriam diversos guerrilheiros que também cometeram excessos como sequestros, justiçamentos (muito utilizados no Araguaia), latrocínios, carro-bomba e obtenção de recursos de países cujos regimes ditatoriais persistem até hoje e de todos que, hoje, detêm altos postos no próprio Governo, cortando na própria carne se for necessário? A propósito, considero equivocadas algumas prerrogativas da Comissão da Verdade, a começar pela indicação da presidente Dilma Rousseff de sete membros que poderão requerer arquivos sigilosos e perícias, bem como convocar testemunhas e realizar audiências públicas, bem como sua eficácia quanto a garantir independência e autonomia suficientes para investigar e responsabilizar os agentes que cometeram crimes de lesa-humanidade ou hediondos, sejam eles de direita, centro, esquerda, militares ou civis. Caso contrário, ela estará fadada a não resgatar a memória da história brasileira e, pior, transformar tudo numa "mise en scène" que poderá enxovalhar pessoas e instituições sérias como as Forças Armadas brasileiras, jogando, todos, na lama e no covil das hienas.