terça-feira, 1 de novembro de 2011

CRIME E CASTIGO

De um lado, temos o deputado estadual do Rio, Marcelo Freixo que, envergonhado - e, em prantos -, se viu obrigado a sair do país, temporariamente, com a família por falta de segurança e motivado pela luta desigual contra as milícias. Do outro, o ex-ministro dos Esportes, Orlando Silva, que, com muito riso, saiu do cargo dizendo que vai espalhar o currículo por aí pois está desempregado ou se candidatar a prefeito ou vereador em 2012, talvez pelo mesmo motivo. Como se vê, nossa política é, mesmo, paradoxal. Enquanto o deputado fluminense não admite abandonar a luta a favor das comunidades dominadas pelos milicianos, apesar das inúmeras ameaças de morte e promete voltar muito em breve, Orlando Silva parece se sentir bem à vontade com o ocorrido, deixando a sensação de que tudo vai continuar na mesma e que só se foram os aneis. Isto reforça que o constrangimento deixou de ser um sentimento característico da cultura brasileira e, especialmente, da vida pública. Se um dia fomos o país das grandes lutas, das grandes causas, dos sem-camisa e dos cara-pintadas, hoje somos um povo que perdeu a vergonha, se esquece dos grandes desvios de conduta com a mesma facilidade e não protege sequer quem o protege. A classe política brasileira – como um todo — perde, primeiro, a vergonha. O cargo se perde depois. Mas isso só ocorre com alguns. Orlando Silva entra para o grupo dos cinco ministros – Antonio Palocci (Casa Civil), Pedro Novais (Turismo), Wagner Rossi (Agricultura) e Alfredo Nascimento (Transportes) são os outros – que foram 'convidados a sair' do governo por denúncias de irregularidades. Todos disseram que aproveitariam o afastamento para provar a inocência. A propósito: como estão as investigações?