quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

EDUCAÇÃO COM CARA NOVA

Não acredito (mas torço) que o ministro Aloízio Mercadante consiga mudar os rumos da educação brasileira que vão de mal a pior. Principalmente para quem está entre as maiores economias do planeta e ainda possui índices comparáveis a Botsuana e Moçambique. E como economista, isto ele bem sabe. No entanto, sua visão muito mais de político profissional (embora também seja professor universitário) não será suficiente para acabar com os principais - e mais imediatos - problemas em nossa educação, entre os quais estão, por exemplo, as avaliações externas contaminadas por desvios, com resultados pífios como no ENEM e na Prova Brasil; a política salarial e de valorização, com os baixos salários, descaso, desrespeito e imposição de políticas pedagógicas; além dos estruturais, sociais e culturais, que vão desde os modelos arquitetônicos prisionais das escolas, passando pelas contradições da sociedade, onde sua base geralmente é constituída por pobreza, fome, falta de trabalho e de perspectiva, até a falta de cobrança à própria escola. Nas públicas, raramente existem colegiados, conselhos, grêmios escolares. O mesmo acontece com a reciprocidade entre pais e educadores. As desvalorizações por parte da sociedade brasileira, em relação ao saber e ao conhecimento, têm reflexos em toda estrutura educacional. Resta saber se Mercadante conseguirá pensar no problema da educação fora do âmbito do microcosmo da escola e do esforço individual de cada um, sem reduzí-lo em termos operacionais. Os problemas educacionais não podem ser resolvidos apenas no âmbito do indivíduo, da comunidade e do esforço pessoal do professor. O problema da educação é mais que político. É social.