quarta-feira, 18 de abril de 2012

CPI EM CENA

O grande problema da política brasileira não é só a promiscuidade entre o público e o privado, a corrupção e, por conseguinte, a falta de transparência e de independência dos poderes, além da falta de cultura do povo que aceita o toma-lá-dá-cá como o mais natural do mundo (desde que lhe renda algum). O mal maior, entranhado no cotidiano nacional, ainda é a fragilidade das leis e, obviamente, a hipocrisia das instituições - e seus membros - que já se acostumaram à plateia e ao final das investigações das famosas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) que costumam dar em nada. A do caso Demóstenes-Cachoeira, por exemplo, vai 'discutir, analisar e propor punições' em uma CPMI (mista) composta por uma maioria de senadores e deputados, no mínimo, questionável. Serão várias semanas frente câmeras de TV, microfones e sob flashs de centenas de fotógrafos perfilados e a se acotovelar nas sessões. Haverá, até, falsas esperanças por dias melhores, acareações, bate-bocas, procura por mais espaço dos partidos, duros embates oposição x situação, enfim, tudo parecendo muito sério mas o que se pretende é, com tais artifícios, se arrebanhar votos nas eleições municipais de outubro, chamando atenção para 'seu papel moralizador'. Quiçá, com o pensamento totalmente voltado para 2014, quando estarão em jogo múltiplas relações parecidas com as do senador e o 'empresário' Carlinhos Cachoeira. Mas, como sempre, o resultado deverá ficar aquém do que o país precisa e a população espera daqueles a quem se confia uma posição cândida e uma atitude coerente com a função parlamentar. A propósito, alguém bem que poderia ter a ideia de se antecipar e propor uma CPI para as CPIs, mas, desta vez, sem a influência direta de partidos e do próprio governo. Quem sabe, dê mais resultado?