terça-feira, 25 de setembro de 2012

LEI DO ACESSO (DE RAIVA)

Encontra-se no Tribunal de Contas da União (TCU) um composto químico capaz de derrubar a mais segura das fortalezas. Pura nitroglicerina, dizem os entendidos. É que os ministros têm em suas mãos nomes e salários de 1.588 funcionários do Poder Legislativo que ganham mais que o teto constitucional, uma autêntica aberração pois no entendimento do Tribunal não podem e não devem ser pagos. Câmara e  Senado alegam ter justificativas para pagar supersalários a esses servidores. Mas essa novela, a verdadeira Avenida Brasil, por onde passam os grandes desvios e absurdos nacionais, deve ter os próximos capítulos só ano que vem, uma vez que estamos a poucos dias das eleições municipais e o foco está todo nelas. Levando-se em conta que em seguida temos comemorações e recesso parlamentar e que a maioria da população é áulica do Congresso, que por sua vez o é em relação ao Executivo - onde, também, devem existir exageros na mesma proporção, piores, até - a revelação dos nomes dos supermarajás deve acabar se tornando uma bomba de efeito moral ou de efeito retardado. Até que se retome o assunto com a seriedade que merece, o TCU poderá ficar só na vontade de acabar com as regalias inconstitucionais e, efetivamente, moralizar as imorais desigualdades existentes no serviço público. Enquanto isto, o brasileiro, de um modo geral, comparável àquele tabaréu, famoso personagem de Mazzaropi, vai vivendo com o seu supersalário mínimo de seiscentos e poucos reais e fingindo que existe uma tal de Lei de Acesso a revelar, por exemplo, quanto alguém ganha.