segunda-feira, 29 de outubro de 2012

POR UM FIO

As eleições são, inevitavelmente, uma caixinha de surpresas. Não os resultados, propriamente ditos, e sim o que vem depois. As pesquisas de opinião têm mantido a tradição de errar pouco, deixando-nos conhecer, quase de antemão, vitoriosos e derrotados. No entanto, como existe o fator surpresa, a mudança de mentalidade e todos os demais acidentes de percurso, em se tratando de política,  antever nas margens quem deverá entrar ou sair, ocupar este ou aquele lugar, alcançar isto ou aquilo, enfim, arcar com bônus ou ônus de uma futura administração, já é pedir demais. A voz rouca das ruas e a rádio peão, bem como os experts do assunto, costumam ter decepções bem à altura de suas ambições. Pode-se prever, apenas, que com o término de alguns ciclos, no caso a sucessão de prefeituras dominadas por determinados partidos e grupos - a famigerada hegemonia pelo poder - muita gente tem tanto peso na consciência que já começa a arrumar gavetas e malas para voltar para seus lugares de origem dando voz e vez a outros que, certamente, farão o mesmo, arraigando-se no poder durante os próximos anos. Que até pouco tempo eram oito mas, pelos últimos resultados clamando por mudanças, caminham para quatro. No máximo, caso a Ficha Limpa valha, os tribunais ajam e as abstenções aumentem ainda mais, significando a necessidade de jogar fora o que não serve. Na outra ponta, - isto é previsível -  só aguardando a passagem do oficioso para o oficial, alguns já começam a se arvorar para assumir novos desafios, outros a voltar a 'servir' à população e tem aqueles que pensam em transferir seus pertences para outra gaveta. Isto tudo se não houvesse a tal caixinha de surpresas, muitas vezes pequena para abrigar tanta gente ávida de esperança.