sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A VOLTA DE RENAN

A se confirmarem alguns prognósticos, Renan Calheiros (PMDB-AL) não deve ter adversários na disputa pela presidência do Senado no próximo dia 1°, apesar do pré-lançamento da candidatura de Randolfe Rodrigues (Psol-AP). E mais uma vergonha poderá manchar as páginas da história da Casa de Ruy Barbosa que um dia ouviu o 'Águia de Haia' pronunciar o Credo Político. Naquele discurso, ele falava sobre a queda da República e as doutrinas de arbítrio e que "abominava as ditaduras de todo o gênero, militares ou científicas, coroadas ou populares; as suspensões de garantias, as razões de Estado, as leis de salvação pública; do ódio às combinações hipócritas do absolutismo dissimulado sob as formas democráticas e republicanas; aos governos de seita, aos governos de facção, aos governos de ignorância; e, quando ( esta República) se traduz pela abolição geral das grandes instituições docentes, isto é, pela hostilidade radical à inteligência do País nos focos mais altos da sua cultura, a estúpida selvageria dessa fórmula administrativa". E o que é a indicação de Renan para voltar a presidir o Senado, depois de escapar da cassação por duas vezes, obrigado a renunciar à presidência, passando a exercer o mandato de forma discreta até assumir a liderança do PMDB? O que é uma escolha assim, sem chance para os adversários, se não um forte indício de desrespeito e indisciplina, predomínio fatal do valor insuprível das capacidades?  O que é passar um rolo compressor por cima da maioria dos senadores, forçando alguns poucos como Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) a se manifestar impotentes para lançar uma candidatura contra Renan Calheiros se não uma humilhação para um país como o Brasil? É muito ruim para a sociedade quando tudo isto acontece, onde as favas estão pra lá de contadas, não dando aos diferentes sequer a oportunidade de serem ouvidos com as mesmas condições. Que me perdoe o jovem senador mas, novamente, pode ficar apenas o registro de seu heroico gesto quando, a exemplo da última escolha para presidente, Sarney obteve 70 votos, calando sua voz, seu desejo e o de mais sete bravos destoantes.