quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

QUEM MATOU TEORI?

Agatha Christie, em seus muitos romances policiais, costumava jogar a culpa no mordomo. Isto porque não haviam o maior projeto criminoso de poder alimentado por um presidente populista, corrupto e líder de um partido, igualmente, populista e corrupto; figuras tanto o quanto suspeitas e dispostas a roubar, falsificar e, até, matar; deputado e senadores capazes de fazer o mesmo; empresários dispostos a tudo para continuar mamando nas tetas de uma máquina de fazer dinheiro e ceifar vidas, matando, corrompendo e prejudicando, de todas as maneiras, milhões e milhões de brasileiras e brasileiros e, claro, a Lava Jato, cujos mais de 120 inquéritos e ações penais envolvendo parlamentares e ministros estavam nas mãos do ministro-relator, Teori Zavaski, morto, em queda de avião, há uma semana. Teorias (sem trocadilho que o ministro e o caso requerem) da Conspiração à parte, num momento de extrema turbulência econômica e política que o País atravessa, já que envolvem tantos suspeitos importantes e naturais, achar que o ministro do STF pode ter sido vítima de alguma estratégia para ganhar tempo ou mesmo intimidar outros juízes de tribunais de várias instâncias, não é nenhum devaneio, delírio ou linha que não possa ser investigada por tantos membros de uma Justiça que, tudo indica, ainda conta com pessoas dispostas a elucidar crimes, caso existam, e continuar trabalhando por um Brasil melhor. E mais sério e justo para todos. Mesmo não se podendo admitir - e concluir - que a morte de Teori não foi uma 'simples' fatalidade, com todo conjunto que o acidente aéreo pressupõe, é relevante sua seriedade durante toda vida profissional ( erros acontecem até quando se defende ideologias políticas equivocadas) e, mais, tudo que ele tinha nas mãos, como, por exemplo, as oitivas dos depoimentos dos delatores da Odebrecht;  vistas de ações como a descriminalização das drogas, a validade das decisões que determinam o fornecimento de medicamentos de alto custo da rede pública de saúde, além de casos penais envolvendo o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o senador Ivo Cassol, ambos com foro privilegiado, entre tantas outras, como o pedido de habeas corpus de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, preso em Curitiba e que também tinha interesse em pareceres favoráveis do, agora, ministro que, contra a vontade, abandonou tantas relatorias importantes. Mas, como brasileiros, vamos continuar acreditando - e pedindo a proteção divina - para ver a Polícia Federal, a ministra Carmem Lúcia, presidente do STF e o Senado - a quem cabe aprovar o substituto do ministro Teori feita pelo presidente Michel Temer, fazendo seu trabalho de maneira isenta e à altura para que os mal feitores da República paguem por seus crimes e a população não seja intimidada por alguém que possa se achar acima da lei e da ordem.