Agatha Christie,
em seus muitos romances policiais, costumava jogar a culpa no mordomo.
Isto porque não haviam o maior projeto criminoso de poder alimentado por um
presidente populista, corrupto e líder de um partido, igualmente, populista e
corrupto; figuras tanto o quanto suspeitas e dispostas a roubar, falsificar e,
até, matar; deputado e senadores capazes de fazer o mesmo; empresários
dispostos a tudo para continuar mamando nas tetas de uma máquina de fazer
dinheiro e ceifar vidas, matando, corrompendo e prejudicando, de todas as
maneiras, milhões e milhões de brasileiras e brasileiros e, claro, a Lava
Jato, cujos mais de 120 inquéritos e ações penais envolvendo parlamentares e
ministros estavam nas mãos do ministro-relator, Teori Zavaski, morto, em queda
de avião, há uma semana. Teorias (sem trocadilho que o ministro e o caso
requerem) da Conspiração à parte, num momento de extrema turbulência econômica
e política que o País atravessa, já que envolvem tantos suspeitos importantes e
naturais, achar que o ministro do STF pode ter sido vítima de alguma estratégia
para ganhar tempo ou mesmo intimidar outros juízes de tribunais de várias
instâncias, não é nenhum devaneio, delírio ou linha que não possa ser
investigada por tantos membros de uma Justiça que, tudo indica, ainda conta com
pessoas dispostas a elucidar crimes, caso existam, e continuar trabalhando por
um Brasil melhor. E mais sério e justo para todos. Mesmo não se podendo admitir
- e concluir - que a morte de Teori não foi uma 'simples' fatalidade, com todo
conjunto que o acidente aéreo pressupõe, é relevante sua seriedade durante
toda vida profissional ( erros acontecem até quando se defende ideologias
políticas equivocadas) e, mais, tudo que ele tinha nas mãos, como, por
exemplo, as oitivas dos depoimentos dos delatores da Odebrecht; vistas
de ações como a descriminalização das drogas, a validade das decisões que
determinam o fornecimento de medicamentos de alto custo da rede pública de
saúde, além de casos penais envolvendo o governador de Minas Gerais, Fernando
Pimentel, o senador Ivo Cassol, ambos com foro privilegiado, entre tantas
outras, como o pedido de habeas corpus de Eduardo
Cunha, ex-presidente da Câmara, preso em Curitiba e que também tinha interesse
em pareceres favoráveis do, agora, ministro que, contra a vontade,
abandonou tantas relatorias importantes. Mas, como brasileiros, vamos continuar
acreditando - e pedindo a proteção divina - para ver a Polícia Federal, a
ministra Carmem Lúcia, presidente do STF e o Senado - a quem cabe aprovar o
substituto do ministro Teori feita pelo presidente Michel Temer, fazendo seu
trabalho de maneira isenta e à altura para que os mal feitores da República
paguem por seus crimes e a população não seja intimidada por alguém que possa
se achar acima da lei e da ordem.