quarta-feira, 6 de setembro de 2017

LOCUPLETAÇÃO

Com a onda de corrupção que tomou conta do País, tema frequente de todos os noticiários, principalmente, em tempos de operações como a Lava Jato, muito tem se falado sobre sua origem, sobre o toma lá dá cá enraizado na cultura do brasileiro cada vez mais acostumado com a prática de levar vantagem, seja ao tentar impedir uma simples infração de trânsito (a famosa cervejinha pro guarda) ou uma multa do fiscal daquela prefeiturazinha do interior, seja tentando liberar produtos, geralmente, ilegais em portos ou aeroportos ou até em tempos de campanha eleitoral, quando grandes empresas fazem grandes negócios por "amor à causa, ideologia e mesmo patriotismo" pois não é raro tal alegação de empresários ao serem presos. Alguns historiadores afirmam ter chegado no dia em que Dom João desembarcou no Rio de Janeiro, em 1808, e recebeu 'de presente', de um traficante de escravos chamado Elias Antônio Lopes, a melhor casa da cidade, a Quinta da Boa Vista e depois, como recompensa, passou a gozar dos privilégios da Corte por ser 'amigo do rei'. É incontestável que estas e outras centenas de páginas tristes de nossa história, com seus muitos episódios de malfeitos (incomparáveis com os realizados ultimamente por políticos, seus malditos partidos, pelos corruptos e corruptores e até membros do Judiciário), vêm desde a chegada das primeiras caravelas, cuja herança trouxe um Estado centralizado, burocratizado e clientelista onde o locupletemo-nos todos parece ser a palavra de ordem. Dois séculos se passaram desde as últimas bacanais praticadas nos brasis colônia e imperial e, agora, ao sermos considerados republicanos (será que foi mesmo proclamada?) e com a vigilância constante dos meios de comunicação, a orgia com a coisa pública tá muito mais aparente e  perigosa já que é, justamente, dentro dos poderes constituídos que ela se intensifica mostrando sua força e quem são os 'amigos dos reis', no caso do Executivo, Legislativo e Judiciário. A cada dia fica mais evidente que muitas das engrenagens destas máquinas - as quais deveriam funcionar para defender somente os interesses da população -  estão desgastadas, muitas completamente imprestáveis, uma vez que vêm 'trabalhando' para a troca de favores, beneficiamento e manutenção de interesses corporativos e, claro, para o enriquecimento pessoal haja vista tantas malas de dinheiro, tanta joia, tantos habeas corpus, tanta bandalheira. Portanto, se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, deveriam ser apreendidas e destruídas - claro, seus operadores presos - o quanto antes sob pena de a locupletação, o salve-se quem puder e o dane-se aumentarem, prejudicando as futuras gerações ainda mais. Se é que isto é possível.