Quinta -feira, comemorou-se mais um ano de independência pois, no dia 7 de Setembro de 1822, o Brasil assegurou a emancipação da ex-colônia portuguesa. Foram várias as causas,
uma vez que no início do século XIX a situação do Brasil, do ponto de
vista político, continuava a mesma do século anterior. Entre as mais
importantes estão a vontade de grande parte da elite política brasileira
em conquistar sua autonomia e o desgaste do sistema de controle
econômico, com restrições e altos impostos, exercido pela Coroa
Portuguesa. Passado tanto tempo, várias foram as conquistas no campo
econômico e o Brasil, definitivamente, alcançou reconhecimento mundial
neste setor. Mas e a autonomia política tanto almejada? Será que tem
contribuído para a verdadeira independência de seu povo? Ou será que,
hoje, o Brasil 'independente' se deixou levar pela mais perigosa forma
de colonizá-lo e escravizá-lo que é a corrupção?
BARBÁRIE
Sem ser puritano, tampouco defensor de radicalismos nos moldes bolsomíticos,
está cada vez mais difícil assistir TV com a família sem se envergonhar
(se bem que às vezes dá vergonha de ser brasileiro). Já não bastam
algumas novelas, filmes, programas jornalísticos e de variedades com
conteúdo selvagem, cruel, desumano e grosseiro - sem falar nos temas de
sexualidade simplesmente jogados no ar - e agora deram para infestá-la
com gravações feitas por criminosos cujo conteúdo é de retirar qualquer
um da sala. Os áudios de Michel Temer, Lula, Dilma, Aécio Neves, Romero
Jucá, Renan Calheiros, só para citar alguns dos mais altos figurões da
república, definitivamente, deram vez aos pornográficos de Joesley
"Safadão" Batista que, além de assassinar o idioma, usam de extrema
violência, agressividade, ironia e até de cenas de sexo explícito ao se
referir aos poderes constituídos de uma republiqueta.
REPUBLIQUETA
E por falar em republiqueta, com tudo que o povo e a Justiça têm
em mãos, não se sabe o porquê de ainda não ter caído. Os escândalos são
cada vez maiores e as provas incontestes de uma corrupção
institucionalizada deveriam - caso fôssemos um País sério e não estarem
todos comprometidos de alguma maneira - fazer com que o Brasil
decretasse de vez a verdadeira independência e proclamasse uma República
voltada para defender os interesses de uma população cada vez mais
fragilizada e intimidada pela força do poder econômico usada,
exatamente, ao contrário. Fica a vontade de, num futuro próximo, quem
sabe, termos uma data para comemorar com toda a pompa decretando-a como a
dia da "Queda da Corrupção", como fizeram, por exemplo, a França com a
Queda da Bastilha, os EUA, com a Guerra Revolucionária e tantos outros
países que não aguentavam mais formas de opressão, negociatas e roubos
praticados por uma minoria desqualificada em todos os níveis contra uma
grande maioria, como vem acontecendo a 207 milhões de brasileiros e
brasileiras.
LOCUPLETAÇÃO
Com
a onda de corrupção que tomou conta do País, tema frequente de todos os
noticiários, principalmente, em tempos de operações como a Lava Jato,
muito tem se falado sobre sua origem, sobre o toma lá dá cá enraizado na
cultura do brasileiro cada vez mais acostumado com a prática de levar
vantagem, seja ao tentar impedir uma simples infração de trânsito (a
famosa cervejinha pro guarda) ou uma multa do fiscal daquela
prefeiturazinha do interior, seja tentando liberar produtos, geralmente,
ilegais em portos ou aeroportos ou até em tempos de campanha eleitoral,
quando grandes empresas fazem grandes negócios por "amor à causa,
ideologia e mesmo patriotismo" pois não é raro tal alegação de
empresários ao serem presos. Alguns historiadores afirmam ter chegado no
dia em que Dom João desembarcou no Rio de Janeiro, em 1808, e recebeu
'de presente', de um traficante de escravos, a melhor casa da cidade, a
Quinta da Boa Vista e depois, como recompensa, passou a gozar dos
privilégios da Corte por ser 'amigo do rei'. Dois séculos se passaram e as bacanais
de hoje se sofisticaram e são muito, muito maiores dentro e fora do
governo. Basta ver o que acontece nos legislativos e executivos (estes
sem exceção) e no Judiciário (com algumas) onde fica comprovada a orgia
com o dinheiro público, resultando na crise de todos os setores e na
máxima que os generaliza como farinha do mesmo saco.
DÚVIDA ATROZ
Existe
coisa mais atroz, horrível de suportar, do que ver e ouvir pessoas que
cometeram, por exemplo, estupro coletivo, como o médico Roger Abdelmassih
e centenas de lavradazes da política nacional negando a participação em
crimes e até serem donos de alguma coisa que é óbvio lhe pertencerem
pois há provas suficientes para condená-los? Atrocidade maior só ver o
que parte da Justiça faz ao defendê-los com unhas e dentes,
concedendo-lhes habeas corpus, a torto e a direito, mesmo com
todo aquele batom na cueca. E, claro, por que tem bilhões e bilhões de
reais do povo brasileiro a sustentar o esquema.
LUZ NO TÚNEL
Para
não dizer que não se faz nada que preste no Brasil, notadamente, pelos
poderes da república de bananas - para não chamá-la de republiqueta a
toda hora -, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, dia desses,
determinou que todos os tribunais publicassem dados sobre estrutura e
remuneração de seus magistrados, enviando cópias das folhas de pagamento
para controle orçamentário e financeiro mostrando, assim, transparência
aos cidadãos e órgãos competentes. Isto aconteceu porque parte da
população vem se manifestando, através das redes sociais e das ruas e
após ter conhecimento (santa inocência?) dos salários mensais de 84
magistrados do Mato Grosso do Sul que recebiam (em) até R$ 95 mil
mensais, ultrapassando o teto constitucional de R$ 33.700 (risos, não me
contive). Outra boa coisa, que veio no bojo da solicitação da ministra,
foi conhecer o resultado da pesquisa do CNJ que apontou para outras
safadezas, digo, mordomias do poder judiciário: R$ 84,8 bilhões ou R$
47,7 mil pagos a cada magistrado por mês. De qualquer maneira, uma boa
atitude de V. Exa., que esperamos traga mais moralização e economia para
os cofres públicos que poderia, assim, parar de esbanjar o dinheiro da
saúde, da educação, dos transportes, da segurança, do INSS, enfim, do
povo que não aguenta mais tanto desperdício e roubalheira.
AGORA VAI
RUMO A 2018
E enquanto a bola não rola rumo à Copa da Rússia e, muito mais importante, àquela que vai definir nossos destinos para os próximos quatro anos, qual seja, a eleição para presidente em outubro de 2018 (atenção Justiça Eleitoral, Caravanas caracterizam extemporaneidade, hein), começam a ganhar corpo e alma algumas tentativas de se lançar nomes para a disputa que inicia daqui a nove meses. Em campo, elle, sempre elle, Lulla da Silva, Bolsonaro, alguém do PSDB (não se sabe ainda se Alckimin ou Dória), Ciro, Marina e outros que optaram por ficar no banco aguardando instruções e acontecimentos que podem incluir até cassações de registros. É aguardar pra ver se surge coisa melhor!