QUE PAÍS É ESSE?

Acho que, agora, a onda contra a corrupção é pra valer pois vários segmentos vêm se manifestando corajosamente sobre o foro privilegiado, os desvios, as mordomias e a falta de vergonha da classe política despudorada e cega para os verdadeiros problemas, como a miséria, que o governo petista nega, a insegurança, a educação (a má educação), no sentido mais literal possível e a falta de estrutura dos serviços de saúde pública, causadora da metástase nacional. Os movimentos anticorrupção, espalhados em eventos por todo Brasil e nas redes sociais, as entrevistas e artigos de pessoas que conhecem o assunto, têm credibilidade - e coragem - para falar a respeito e algumas manifestações artísticas transformam esta onda numa autêntica metafórica tsunami que esperamos não venham a matar mais pessoas, como fazem os políticos que parecem gostar do quanto pior, melhor. Uma boa prova disto foi dada pelo cantor Dinho "Ouro Preto", do Capital Inicial, que se posicionou frontalmente contra os políticos, durante o Rock in Rio, quando chamou a atenção para a falta de credibilidade desta gente. Convicto, como devem ser os homens de bem, disse ele: "A regra é nunca acreditar em políticos". Além disto, lembrou da censura à imprensa, referindo-se a temível ditadura ao mandar a canção Que país é este para o presidente do Senado, José Sarney, talvez uma das maiores células cancerígenas a matar a vontade de libertação de nosso povo e a preservar as benesses do Senado da República. Seu grito deve ter ecoado bastante, uma vez que o artista foi ovacionado por um público politizado de mais de 100 mil pessoas, reforçado pelo inconsciente coletivo de 190 milhões de brasileiros que torcem por um país mais justo e que abomine as injustiças sociais. Talvez o Brasil esteja vivendo um bom momento de mobilização contra este estado de coisas, com boa parte da sociedade saindo do comodismo e aderindo à causa que diz respeito a todos, independente da classe social e com uma única grande exceção, um Congresso Nacional muitas vezes omisso e que não cumpre seu verdadeiro papel de legislar a favor da população.