quarta-feira, 9 de agosto de 2017

PANORAMA

PAGANDO O PATO
Depois de todas as bobagens feitas e dos crimes praticados pelos últimos governos, incluindo grandes assaltos aos cofres, gastança desenfreada e estelionatos eleitorais, o Brasil acumulou um rombo histórico. Quase impagável. Histórico porque, desde a colonização até a chegada da republiqueta, nunca se roubou tanto. E quase impagável porque, se não fosse o brasileiro tão passivo, pacífico e inocente, a dívida jamais seria paga com sangue, suor e através de alternativas que incluem novos impostos, confirmando que nós sempre pagamos o pato. E as contas, 'para não ficar com o nome sujo na praça'. Afinal, o brasileiro é tão 'bonzinho'.

HAJA IMPOSTO
Embora alguns neguem, temos uma das mais altas cargas tributárias do planeta. E desproporcionais, já que a relação custo-benefício, ou seja, o dever cívico de pagar impostos gerando serviços de igual qualidade, fica muito aquém do que a população precisa e muito além das expectativas dos corruptos brasileiros. Que me perdoem os afegãos, mas no Brasil quase se paga impostos suecos por serviços oferecidos naquele sofrido país. Pesquisa recente mostra que dentre os 30 países com a maior carga tributária, o Brasil é o que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados em prol da sociedade. Ainda assim, o governo federal estuda aumentar os impostos para reduzir o rombo das contas públicas. Se tudo der certo para Temer e seus comparsas, isto é, a maioria do Congresso continuar lhes dizendo amém e entregando cheques em branco, novos itens virão para aumentar a carga tributária brasileira. 

SINDIGATOS
Falo MAL dos sindicatos com certa frequência. Mas apenas dos MAUS, que são muitos, é bem verdade. Sempre que tenho oportunidade, procuro descrever, principalmente, a pouca contrapartida dada ao sindicalizado e a quase nenhuma visibilidade quando se trata de prestar contas sobre o dinheiro gasto, sendo esta a maior falha pois ninguém (com exceção de diretores e seus mais chegados) fiscaliza o montante que chega a ser milionário muitas vezes, já que existem categorias com milhares de trabalhadores, todos a contribuir com desconto de um dia de trabalho. Daí já sabe, né...muita grana faz aflorar a tentação do bicho homem cujo resultado são as festas, viagens, compras', status, chamego com a classe política e o famoso etc=roubalheira. 

SINDIGATOS 2
A propósito da gatunagem existente nos sindicatos (apenas naqueles onde a carapuça possa vestir) como vão ficar as mordomias e os demais desvios quando entrar em prática o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical aprovada na reforma trabalhista? Com a palavra, os interessados em disputar eleições, muitas já em curso por aí, que devem ter em mente estrategias e criatividade para 'exercer a filantrópica e heroica missão de lutar por sua categoria, sem nada receber' (apenas aqueles bem-intencionados e bem-aventurados onde a carapuça não entre) e com parcos recursos.

ELEIÇÕES 2018
Ano que vem, a se confirmar o calendário do TSE, teremos eleições para escolha de um novo presidente da República (o velho Temer deverá estar fora de qualquer maneira), acompanhado do respectivo vice - cargo tão pleiteado quanto - governador, dois senadores e deputados estadual e federal. Há menos de um ano para o início das campanhas e toda armação do picadeiro, muitos pré-candidatos começam a se alvoraçar, se alvoroçar, pendurar uma melancia no pescoço para aparecer e, quem sabe, tornar-se O NOME do partido.
Entre os mais 'saidinhos', já que no momento tudo são apenas especulações e nada é oficial, mesmo porque a Justiça impede a extemporaneidade (fora do prazo), vêm surgindo no túnel (não necessariamente iluminado) os nomes de Lula, Bolsonaro, Ciro, Dória/Alckmin/Aécio, Álvaro e Maia. Mais um deles vem chamando muita atenção: o do ministro da Fazenda, Meirelles, que, pelo espaço na mídia, parece ser mesmo um dos preferidos da cúpula do PMDB para entrar na 'festa' em 2018. Como cabeça de chapa ou vice, já que esta é uma das maiores especialidades do partido.

JÁ GANHOU
E por falar nas eleições quase gerais (prefeitos e vereadores só em 2020), um grupo pode se consagrar ano que vem podendo até vencê-las já no primeiro turno. Trata-se da soma de abstenções, brancos e nulos que vem batendo recordes sucessivos provocados, principalmente, pela ineficiência da classe política e, claro, pela ladroagem quase institucionalizada, principais motivos para que a população demonstre seu repúdio pelo processo carcomido e que de democrático tem muito pouco. Como aconteceu no último domingo, no estado do Amazonas, obrigado a realizar novo pleito após o afastamento do governador e o vice - só para variar, por compra de votos - onde mais de 40 % dos eleitores se recusaram a votar naquilo que lhes foi apresentado como opção para melhorar a vida de todos os cidadãos. Mesmo assim, também só pra variar, foram pro segundo turno dois políticos de peso e de muitos recursos financeiros. E ainda tem gente que acredita numa verdadeira reforma política.

URNAS EM XEQUE 
Utilizada pela primeira vez em 1996, a urna eletrônica só foi submetida a testes públicos 13 anos depois, em 2009. Na ocasião, vários peritos em informática conseguiram violá-la utilizando modestos equipamentos, entre eles um
radinho AM/FM capaz de quebrar o sigilo dos votos ao detectar o som que as teclas da urna emitiam. O tempo foi passando, eleição após eleição, com o TSE procurando aprimorar o sistema para impedir qualquer tipo de fraude. Vinte e um anos depois, a pergunta que todos se fazem é: as urnas eletrônicas são invioláveis? Claro que não, diriam, por exemplo, experts que na semana passada estiveram reunidos em Las Vegas, nos EUA, durante a maior conferência 'hacker' do planeta, a Defcon, onde foram apresentadas várias novidades e também pode ser testada a segurança nas urnas eletrônicas utilizadas em processos eleitorais. A conclusão é que os ciberataques internacionais estão se tornando cada vez mais comuns e, neste cenário, qualquer sistema digital pode ser vítima de manipulação e as urnas não são exceção. 

NADANDO EM DINHEIRO
Muitos municípios fluminenses, que recebem royalties advindos da exploração de petróleo vindos das águas profundas, estão chorando de barriga cheia. Para afastar indesejáveis reivindicações e, até cidadãos que, possivelmente, não pertencem ao seu grupo político, os administradores usam a eterna cantilena da crise, que não têm dinheiro, que a arrecadação caiu, blá blá blá. Mas a verdade é que os repasse daquela compensação vem aumentando consideravelmente nos últimos meses. É o caso de Niterói e Maricá cuja receita de royalties e participações especiais disparou. Para se ter ideia da grana 'federal', em maio, Maricá recebeu 49%, Niterói 43% e a cidade do Rio, 8% dos royalties vindos do Campo de Lula, na Bacia de Santos, o que representa muitos milhões de reais entrando nos cofres municipais para fazer a festa da classe politiqueira, digo, do povo que quer ver tais recursos sendo utilizados em prol da qualidade de vida de todos Já que Niterói e Maricá vêm se refestelando com a dinheirama vinda do 'ouro negro' (os dois estão no topo dos que mais recebem recursos do petróleo e ultrapassaram Campos e Macaé), que tal aproveitá-la para melhorar, por exemplo, serviços de segurança, limpeza, pavimentação de ruas e estradas, abastecimento de água, recuperação e proteção ao meio ambiente e saneamento básico, uma vez que estes serviços não vêm sendo executados a contento? Pelo visto, falta de verbas não é para se ver ruas tão esburacadas, tanta gente convivendo com esgoto a céu aberto, tantos assaltos e problemas que poderiam ser resolvidos, com certa facilidade, durante os quatro anos em que os gestores têm a caneta na mão. E o dinheiro na conta. 

SE SAFA(N)DO
Não é que o presidente Temer se safou da primeira denúncia de corrupção com alguma facilidade. Mas isto já era esperado, uma vez que todos conhecemos as qualidades, os méritos e a independência dos representantes do Congresso Nacional (pelo menos a maioria como se vê), colocados a prova, o tempo todo, toda vez que o País precisa deles. E, como sempre acontece, as consequências virão com muito mais força, o que representa mais rombo nas contas públicas e o consequente aumento de impostos. Basta ver os balões de ensaio lançados pelo governo nos últimos dias, entre eles a possibilidade de aumentar a alíquota de imposto de renda - imediatamente negada - que não deixa dúvidas de que há, sim, um pacote de maldades a caminho.