sexta-feira, 17 de julho de 2020

SEM PARTIDO

Há algum tempo, circulam pelas redes sociais algumas petições por votos livres das amarras eleitorais, ou seja, pelo fim da obrigatoriedade de candidaturas ligadas a partidos políticos, como acontece hoje. Mais uma aberração que contribui para um processo carcomida, viciado e viciante que movimenta - e alimenta - a maior delas, a corrupção no poder público, além de manter a população refém de uma ação que começa, justamente, na vinculação partidária. A maioria das propostas neste sentido sugere a candidatura avulsa ou independente, aquela em que cidadãos que não pertencem a nenhum partido político podem concorrer livremente às eleições para cargos executivos e legislativos, como dispõe a convenção americana sobre direitos humanos, no Pacto de San José da Costa Rica, assinado em 1969, e ratificado pelo Brasil em 1992. Em novembro, a prevalecerem as novas datas aprovadas pelo Congresso Nacional (15 e 29), teremos eleições para escolha de prefeitos e vereadores 'indicados e oriundos' dos 33 partidos - aliás, outra grande aberração - e, novamente, a Constituição será ferida pois se ela determina que "vivemos num Estado democrático que visa assegurar os direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos...", que razão temos para crer em tais preceitos se não temos nem o direito de exercer plenamente tais prerrogativas democráticas através do voto livre de amarras? Até que tal distorção institucional seja interrompida, os eleitores serão obrigados a votar, por exemplo, no PT de Lula; no DEM de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre; no PTB de Roberto Jefferson; no PSC de Witzel e Pastor Everaldo; no PSDB de José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves; no MDB, de Renan Calheiros, Romero Jucá e Jader Barbalho; no Solidariedade, de Paulinho da Força ou em quem fica Sem Partido até quando a lei permita e novos interesses surjam, como o presidente Bolsonaro.