segunda-feira, 29 de junho de 2009

CAMPANHA MIDIÁTICA

A última de José Sarney seria cômica se não fosse trágica. Considerar campanha persecutória e midiática as acusações atribuídas a ele agora, presidente do Senado, pode ser mais um de seus ardis para desviar outros focos de irregularidades. Jogar para a opinião pública que não sabia da existência de atos secretos e dos outros benefícios pouco convencionais ( o senador está em seu terceiro mandato como presidente da Casa) é tentar subestimar o povo brasileiro achando que sua dinastia é eterna. Quando ataca a imprensa séria do país, aquela que tem sido muito mais vigilante que o próprio Congresso, cuja prerrogativa deveria ser esta, Sarney deixa claro sua intenção de simplesmente blindar alguém, mesmo à custa de macular sua própria biografia política. Não punir ninguém até o momento e não explicar, por exemplo, as ações de seu neto, José Adriano Cordeiro Sarney, na intermediação em concessão de empréstimos a funcionários do Senado, é mais uma triste página de um livro bem longe de ser tornar obra de ficção ou "campanha midiática". Tentar qualificar o neto com mestrado na Sorbonne e pós graduação em Harvard, atitude admirável em um avô mas repudiada em um homem público, apenas tipifica seu despreparo em destruir a possível máfia que impera no Senado da República.