quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

POPULARIDADE DE CABRAL SOBE O MORRO

Bertolt Brecht que me perdoe. Mas a política, muitas vezes, têm tanta falta de escrúpulos que o aparecimento desse tipo de analfabeto é quase inevitável. Isto é o que deve estar pensando boa parte da sociedade, principalmente a mais sofrida, quando, repentinamente, se viu, esta semana,' ao lado do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, vice Pezão, secretários e mídia especializada em cultura, todos a aplaudir a companhia de balé do Theatro Municipal que foi à Rocinha apresentar o melhor de suas últimas temporadas. Se por um lado a ideia de levar cultura a todos, em todas as direções, é digna de aplausos - os verdadeiros -, prestigiar o espetáculo, como fez Cabral e sua comitiva, desperta sentimentos no mínimo de desconfiança pois ninguém mais acredita nas boas intenções de políticos que os faça até subir morros ou ouvir cantatas de Natal vindas de humildes janelas. Para quem gosta de apreciar as melhores músicas, degustar os vinhos mais saborosos (e caros), conhecer cardápios refinados e frequentar lugares sofisticados e da moda, o balé do Municipal, apesar de acompanhar este mesmo nível, deve ter causado um certo constrangimento ao governador fluminense, uma vez que viu-se obrigado a sentar ao lado de pessoas cuja carência transcende a ideia de pacificação e arte, respirar o mesmo ar delas, abraçá-las e beijá-las. Até para Pezão, cujos sapatos têm seguido os passos do mestre, deve ter sido algo desconfortável. "C'est la vie", diriam os dois. Afinal, ninguém resiste à melhoria da imagem e à campanha de sucessão.