quarta-feira, 25 de março de 2020

FLOR DA IDADE

Devemos reconhecer que o coronavírus tem criado problemas quase incontroláveis. Alguns que parecem transcender até mesmo a grave doença. Além do confinamento e do risco de ceifar mais vidas, inclusive, a de qualquer um de nós, tem surgido outro ligado à autoridade pública e à legalidade. Um exemplo que pode retratar o momento em que estão todos apavorados, estressados, e sem saber o que fazer - e a quem obedecer -, refere-se à crise de identidade e de autoridade pelo que estamos passando. E isto pode ser constatado, dia desses, quando dois funcionários de uma companhia de luz do Rio de Janeiro chegaram para cortar um fornecimento de energia na casa de um conhecido, o qual NUNCA recebeu sequer UMA conta, e para os quais fora apresentada uma medida sancionada pelo governador no dia 23, tendo sido ignorada, ironizada mesmo, pelos aludidos senhores da empresa, pelo visto, desinformados e andando às cegas, pois demonstravam serem uma espécie de donos da situação e do poder de permitir ou não que o usuário tenha ou não os devidos direitos, "até que o seu jurídico diga ao contrário" (lhes foi apresentada a lei através de site específico), uma vez que depois de grande entrevero resolveram ir embora sem cortar o fornecimento (mas com a pulga atrás da orelha e desconfiados se o decreto era ou não fake news, outro problema criado no País com ou sem coronavírus). Aliás, direitos que nem a boa intenção do governador do Rio faz prevalecer. A doença mata, sim. É um perigo iminente, sim. Mas seria bom para nós, eleitores, contribuintes, usuários, enfim, cidadãos, que os poderes se entendessem bem, e logo, - enquanto há tempo - para que todos sobrevivam ao Covid-19 e ao caos que vem sendo instalado porque o presidente, reciprocamente, não respeita o governador, que não respeita o presidente, que não respeita o prefeito, que não respeita ninguém. Tampouco, são respeitados. Nem amava as concessionárias, nem ninguém, fraseando a música de Chico Buarque, Flor da Idade.