sábado, 6 de novembro de 2021

CALOTE EM CURSO

O presidente da Câmara, Arthur Lira, deixou claro outro significado para a PEC dos Precatórios. Depois do que ele e 312 deputados fizeram durante o primeiro turno da votação que pretende dar o calote naqueles cidadãos que ganharam ações na Justiça, inclusive com apoio "irrestrito" de gente que diz fazer oposição ao governo, não há mais dúvida: é o mais autêntico modo de se aplicar o velho toma lá, dá cá, o vale-tudo, a compra de votos descarada, a mais representativa forma de mostrar o quão abjeta é a grande maioria do poder legislativo brasileiro (de todos em todas as esferas) que só pensa em defender a população quando seus interesses pessoais - sejam eles políticos ou não - são atendidos. Por mais que o País necessite ajudar aqueles cerca de 20 milhões de brasileiros que passam fome, - e isto é, de fato, necessário - a justificativa que o dinheiro dos precatórios poderá servir para manter o Bolsa-Família, ou qualquer outro nome, não se sustenta por si só já que deixa de reconhecer direitos de outros brasileiros que também precisam do dinheiro para sobreviver. Como, por exemplo, centenas de milhares de aposentados, cujo um terço dos R$ 90 bilhões devidos diz respeito a processos relacionados ao seu sustento, os chamados precatórios alimentares. Além disso, a luta hercúlea, desesperadora e, até certo ponto, inconstitucional, travada por Lira, cujo amo e senhor se chama, neste momento, Bolsonaro, está muito mais para o objetivo de injetar bilhões de reais nas emendas daqueles que, ano que vem, tentarão se reeleger e a seu, neste momento, amo e senhor. Que se encontre outro caminho que não seja tapar o sol com a peneira, no caso, diminuir o sofrimento à custa de mais sofrimento. Que o governo encontre outra solução como, quem sabe, cortando na própria carne os bilhões e bilhões de reais gastos e desperdiçados com os próprios políticos que só aceitam "furar o teto, salvar os pobres e o Brasil, diminuir o número de invisíveis, dar calote e pedaladas" se o "pirão vier primeiro".