quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MÁCULA À DEMOCRACIA

Independente de quem vai vencer o segundo turno, no próximo domingo, uma coisa ficou bastante evidente: ainda estamos muito longe de sermos uma verdadeira democracia, no mais amplo sentido da palavra. A campanha, de ambos os lados, se limitou a demonstrar que a luta é do bem contra o mal, da continuidade dos avanços contra o retrocesso, do amor a Deus contra o ateísmo e contra o agnosticismo, do aborto contra a vida, das matérias pagas contra os documentos apócrifos, etc. Fugindo dos temas mais relevantes, tanto Dilma quanto Serra (com a candidata partindo mais para ataques pessoais) e insistiram em aspectos de natureza filosófica e política do que na apresentação dos programas de governo e no que pretendem fazer caso eleitos. Também ficou evidente que Lula, presidente de todos os brasileiros, exagerou na dose quando entrou na batalha destruindo adversários muitas vezes de maneira pouco - ou nada - convencional e, do alto do palanque oficial, exigia apoios e o reconhecimento por conquistas que não se deram única e exclusivamente por mérito seu e de seu governo e eles sabem bem disso. As agressões entre correligionários e até mesmo entre os próprios candidatos, como em suas últimas aparições, refletem a falta de amadurecimento ao se tratar questões político-administrativas e participar do processo eleitoral onde deveria vencer aquele cujas propostas se identificam mais com o eleitor bem como sua credibilidade e capacidade para ocupar o cargo.