sexta-feira, 21 de outubro de 2011

CRONOLOGIA DE UMA FAXINA

É normal todo governo sofrer desgaste, principalmente após longos nove anos. Por mais que tente, a presidente Dilma Rouseff não consegue empreender sua própria marca, menos ainda se livrar das sombras do passado. Nem com toda faxina. A corrupção parece estar tão impregnada que ninguém acredita mais que esta estratégia seja suficiente para extirpar o mal, nem calar os diversos movimentos populares que começam a ser disseminados Brasil à fora. Primeiro foi o poderoso Palocci, do gabinete civil, a sair por causa das suspeitas de enriquecimento ilícito e tráfico de influência. Em seguida, veio o troca-troca entre Ideli e Luiz Sérgio, todos do Partido dos Trabalhadores. Mas para não pegar mal, a presidente voltou sua vassoura para outro canto da sala, exonerando Alfredo Nascimento, dos Transportes, Nelson Jobim, da Defesa e Wagner Rossi, da Agricultura, de partidos da base de sustentação. Além disso, a faxina percorreu os corredores do Departamento Nacional de Transporte (Dnit) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), só para citar alguns, todos mergulhados em casos de corrupção. Agora, ainda no primeiro quarto de uma difícil partida de basquete, surge o ministro dos Esportes, Orlando Silva - com todo aquele aumento de verba, visando Copa do Mundo e Olimpíada -, apontado como mentor e beneficiário de um suposto esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, cujo objetivo seria levar a prática desportiva a crianças carentes. Para um governo que nasceu com ideologia programática popular, voltado para os trabalhadores, após batalhas hercúleas no Congresso com o título de oposição, começa a ficar muito claro que não se pode ir com muita sede ao pote. As teias da corrupção, com seus mensalões e favorecimento aos aliados, são sujeiras que a presidente não deve conseguir eliminar restando-lhe, apenas, jogá-las para baixo de um grande tapete chamado Brasil.