O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, pode até ter um grande
telhado de vidro, daqueles de se precisar usar um potente lavador para
ficar limpo. Mas não pode, nunca, ser acusado de medroso, traidor das
ordens diretas vindas dos altíssimos escalões do PMDB, de não ter
coragem, ou como dizia Collor ( se bem que este não é exemplo de nada),
de não ter aquilo roxo. O cara, apesar das várias acusações - comuns
quando se está na vida pública -, também vem mostrando personalidade,
muita disposição para enfrentar a presidente Dilma e sabe ter o apoio
bastante significativo de um país arrasado pelas inúmeras pedaladas,
escorregadas e desacertos do governo. Ainda é prematuro afirmar que a
atitude de Cunha foi o início do tiro de misericórdia, pois sabemos como
são os políticos e, até, boa parte da população, principalmente, aquela
dos programas sociais que na hora H vota com o bolso. Mas uma coisa
ficou clara com o enfrentamento: o presidente Cunha passou a contar com a
adesão de quem não aguenta mais tanto sacrifício para pagar as contas
da corrupção e de milhões de pessoas que sentem na carne os aumentos, a
malversação do dinheiro público e as mentiras de uma presidente que,
além de não ter culhão, não tem coragem nem para renunciar como querem
os 80 % que reprovam seu governo.