quarta-feira, 12 de abril de 2017

SEM EDUCAÇÃO

Toda vez que se fala sobre Educação, no Brasil, é a mesma coisa. Ninguém aguenta mais a cantilena dos políticos, as frases de efeito, o jogo pra plateia, principalmente dos autointitulados 'reformistas' - teóricos que, muitas vezes, nunca pisaram numa sala de aula - e até dos experts que já se acostumaram a tratar o tema sempre com as mesmas justificativas, a maioria relacionada à formação e a preparação de professores que, para eles, não são eficientes; às condições de trabalho ( salário, espaço, material); o jogo de empurra (os pais jogam a culpa nos professores e estes devolvem o abacaxi dizendo que os alunos/pais não têm educação e o governo diz que eles, pais, filhos e professores, é que são os maiores culpados) e outras tantas que só fazem aumentar os péssimos índices e as notas cada vez mais baixas de nossos alunos, sem falar no ranking de piores do mundo. Sabemos, há muito, que a educação brasileira é precária. Ainda mais a pública. E isto é consequência de uma série de fatores, sim. É inegável. O sistema educacional brasileiro é falho, e os projetos criados para tentar superar as falhas também são ineficazes. A formação e a preparação de professores não são eficientes, e muitos chegam à sala de aula sem o suporte necessário. É realmente absurdo um aluno terminar o ensino médio mal sabendo escrever e ler um texto. E quando digo ler, me refiro ao sentido não só de juntar as letras, mas de entender o que é dito, de conseguir interpretar. Mas existe uma ferida, uma, não, várias chagas horríveis e maltratadas que são a falta de entendimento de pais e responsáveis por alunos que completam o ciclo evolutivo de uma doença quase terminal, isto é, não admitir que aquela educação que vem de casa também não é executada como deveria. Os pais não entendem que a educação é, acima de tudo, um processo que deve ser iniciado dentro do lar, junto à família e continuado ao lado do sistema escolar. O resultado é que muitos alunos terminam o fundamental com uma grande deficiência em múltiplas áreas do ensino. Sem falar nos problemas sociais e afetivos que transferem para dentro do ambiente da escola as atitudes erradas praticadas e, igualmente, transtornos, déficits e muitos outros problemas gerados neste ambiente familiar, digamos, desfavorável ao aprendizado e até mesmo ao convívio em sociedade. Finalmente, vêm as políticas públicas e, talvez, o mais grave de todos os fatores para a derrocada da educação e tudo mais no Brasil: os desvios de verbas e ela, a mesma de sempre, a roubalheira quase institucionalizada que não prejudica só o setor como todos os outros serviços públicos, servindo de mau exemplo, principalmente, para aqueles que iniciam a formação de seu caráter, sua personalidade e, ao contrário, convivem, diariamente, com todo tipo de erros praticados pela grande maioria dos políticos que deveria ensinar-lhes a ser honesto, ético e fazer valer os direitos dos cidadãos/ãs e o dever do Estado, conforme prevê a legislação, a constituição, tendo a capacidade de envolver a sociedade e a envolver-se na defesa intransigente da justiça, da equidade, da fraternidade, isto é, viver a construção de um mundo justo. E aí? O que fazer para melhorar o quadro geral de penúria que vive a educação e tudo que dela resulta (alguém já viu saúde, segurança, transporte e dignidade salarial serem geridos por um mau-educado que não tem respeito com a coisa pública)? Que tal se fazer uma ampla reforma política que ensine quais são as atribuições de um político e que lugar de ladrão é 'de castigo', na cadeia? Que tal colocar os maus professores, aqueles que ensinam a ler e escrever que o crime compensa, atrás das grades? Que tal deixar os corruptos, que roubam dinheiro público e praticam bullying contra milhões de brasileiras e brasileiros, 'sem descer pro recreio' e ficar sem toda merenda que lhes roubou? Que tal reprovar os Fichas Sujas para sempre, obrigando-os a executar serviços forçados numa colônia penal afastada, sem internet, sem TV, sem videogame e sem passar a mesada para os seus? Que tal começar a aplaudir as decisões dos diretores da Escola Brasil, como o juiz Sérgio Moro e promotores que só querem mais educação? Que tal?