quarta-feira, 22 de outubro de 2014

VERGONHA NA CARA

O Brasil guarda enormes diferenças do Japão. Recentemente, pude in loco comprovar que ela começa no chão, quando não se deve, sequer, entrar de sapatos em casa, e termina na cara, ou seja, na vergonha que os orientais têm de fazer coisas erradas. Enquanto lá não se admite detentor de cargo público cometer qualquer desvio, por menor que pareça, por aqui parece que virou moda a competição para ver quem roubou mais pois, além de aumentar as contas bancárias, tem-se a certeza da impunidade. Agora, mesmo, duas ministras japonesas acabaram de renunciar por terem sido acusadas de uso indevido de recursos públicos e tráfico de influência. O primeiro-ministro de lá, que ao invés de ir para frente da TV dizer que não sabia de nada, acaba de demitir a ministra da Indústria por ter violado a lei eleitoral com a distribuição de leques com a sua foto e nome aos eleitores de sua circunscrição e a da Justiça por irregularidades no uso de recursos públicos ao gastar, entre 2007 e 2012, mais de 10 milhões de ienes (223.000 reais) em produtos de beleza. Por outro lado, aqui no Brasil a roubalheira continua cada vez maior - e unida pelo matrimônio - com ministro e senadora (ex-ministra) sendo acusados de receberem cerca de R$1 milhão da Petrobras para a campanha dela ao Senado em 2010. Se por aqui não vai haver renúncia alguma e a presidente não sabia de nada, resta a esperança de, domingo próximo, a maioria da população dar um basta a tanta falta de desfaçatez e interromper um ciclo maldito que, caso contrário, tende a continuar e ficar mais ousado ainda. Coisa que os japoneses não permitem por terem algo que ainda nos falta muito: educação, respeito, ética, planejamento e vergonha. Muita vergonha na cara.