quarta-feira, 27 de julho de 2016

PRESSÁGIO

Agosto é, quase por tradição, chamado de o mês do desgosto. De o "Cachorro Louco", por muitos. É difícil afirmar qual a origem exata desta crendice (Crendice? Pé de pato, mangalô três vezes). No entanto, sabemos que foram os romanos que deram nome ao oitavo mês do ano, numa homenagem ao imperador Augusto e que eles próprios, naquela época, já acreditavam no mau agouro, período em que uma criatura horripilante cruzava os céus da cidade expelindo fogo pelas ventas. Muitos fatos, considerados marcantes sob o ponto de vista da religião católica, aconteceram  neste mês, como o martírio do apóstolo São Bartolomeu, cuja pregação promoveu milhares de conversões ao cristianismo e após sua execução (primeiro lhe tiraram a pele e depois o decapitaram), em 24 de agosto de 51 d.C, dia que também ficou gravado na história pois, em 1572, por ordem de Catarina de Médici, ocorreu o massacre da noite de São Bartolomeu. Nesta mesma linha, pode-se acrescentar lendas antigas que o consideram como o "Dia do Diabo", talvez por Pedro - designado por Jesus para ficar com as chaves do céu e do inferno -  ter deixado o mal escapar nesta data, originando, quem sabe, a expressão “quando o diabo está solto". O candomblé, no Brasil, reserva o dia 24 para todos os exús, orixás mensageiros que frequentemente são associados aos demônios pelos fiéis católicos e evangélicos, a cultura popular nordestina prefere homenagear a sogra no dia em que o diabo se solta do inferno e, para os supersticiosos, seria numa Sexta-feira 13, em agosto, que as bruxas associam a magia-negra e aos demônios. Têm, ainda, as grandes tragédias mundiais como o início da Primeira Grande Guerra, o ataque a Nagasaki e Hiroshima, no fim da Segunda, o furacão Katrina, ciclone em Bangladesh, secas, cheias, terremotos, tsunamis, temperaturas altas e baixas e tantas outras catástrofes ocorridas no planeta. Até, em se tratando de política nacional, agosto não é nada bom, principalmente, para presidentes. Foi quando aconteceu, por exemplo, a derrubada do Marechal Deodoro, a renúncia de Jânio Quadros, o suicídio de Vargas, a doença do Marechal Costa e Silva e, pelo andar da carruagem - e do arrastado, melancólico e, até midiático demais pro gosto de quem tem algum senso, processo de impeachment na Comissão Especial do Senado -, pode decidir pela 'morte' política e o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff, no dia 23. De agosto. Isto sem falar no Fora Collor, iniciado e  intensificado neste mesmo mês de 1992, na morte de Juscelino Kubitschek e do candidato a presidente Eduardo Campos e no desfecho que o ex-presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, pode ter com a possível cassação de seu mandato.  É bem verdade que julho não terminou e ainda pode trazer algumas 'revelações' importantes como as advindas da grande manifestação popular, marcada para domingo (31) nas principais capitais do país, com o objetivo, revelam as redes sociais, de mostrar que a luta por mais ética na política e o combate à corrupção continuam sendo a maior reivindicação de quem vai pra rua vestido de verde e amarelo. Agosto não pode ser lembrado, apenas, por desgraças na política, pois ele é decisivo para aqueles que estão envolvidos nas próximas campanhas eleitorais municipais que têm início, pra valer, exatamente no chamado mês do desgosto. No caso, os candidatos a vereador e prefeito e, claro, nós, os eleitores, responsáveis diretos por procurar melhorar a qualidade de vida onde vivemos. Sendo assim, é bom ficarmos ligados na cronologia do TSE para agosto, que determina a data limite para os partidos e as coligações registrarem seus candidatos (15/08), o início da propaganda eleitoral, da campanha (16) e da propaganda gratuita no rádio e na televisão (26), bem como do restante do processo que culmina com o primeiro turno das eleições (02/10) e segundo turno (30), apenas para municípios com mais de 200 mil eleitores.