sábado, 15 de junho de 2019

QUISSAMÃ TEM HISTÓRIA

Pisei em Quissamã, então 4° distrito de Macaé, pela primeira vez em 1978. Era bem jovem, segundanista em Psicologia e, talvez, naquela oportunidade, quando aceitei convite para lá passar o Carnaval, tenha despertado em mim o espírito desbravador de hoje que já nos permitiu conhecer cinco dos seis continentes - a Antártida acho que não vai dar - e considerável parte do País, sempre com a sagaz curiosidade típica de quem quer, de alguma forma, conhecê-la e, quando possível, dela fazer parte. Quiçá, mudá-la?!?!  Até aquela data nunca tinha ouvido falar daquele "lugarzinho" (apenas no sentido interiorano, gentil e singelo e por sua população, à  época, de cerca de 11, 12 mil habitantes ) bucólico, aprazível, de tradições familiares, religiosas e tão cheio de cultura e muitas histórias para contar e ouvir. E ensinar. Como, por exemplo, a dos Sete Capitães, com as terras em sesmarias dadas a eles pelos relevantes serviços prestados, no século XVII, durante a invasão dos holandeses e dos piratas ingleses, quando foram recompensados com terras do Norte Fluminense, inclusive Quissamã, outrora Aldeia Nova, Povoação de Nossa Senhora do Desterro e Freguesia de Quissamã. Sem falar na origem de seu nome que se deve a um escravo encontrado por eles, junto aos índios, vindo de cidade africana, homônima (sem o circunflexo), localizada a 80 km de Luanda, capital de Angola, outra de suas muitas peculiaridades que, aliás, deveriam ser mais e melhor reproduzidas e exploradas, pois, nestes tempos de rápido processo de civilização - muitas vezes tão rápido que faz aumentar nossa falta de memória - andam um pouco esquecidas com risco de se perder, ou mesmo se modificarem, no meio dos muitos caminhos de um progresso, vindo através da terra, do ar, do mar, bem como do barro e até mesmo pelas estradas de asfalto produzidas por uma civilização que muitas vezes não dá o devido valor à própria história. Na semana que Quissamã completa seu 30° aniversário de emancipação político-administrativa (12 de junho) comemorando as muitas conquistas - das quais fui testemunha ocular, seja como turista, de um passado recente, ou como cidadão, servidor, eleitor, contribuinte, etc, que espero continuar sendo por um bom tempo -  muita coisa se passou pela mente desde aquela " primeira vez" no ano de 1978, do século XX (quem sabe, ainda, nas muitas cenas de déjà vu desde então?). Além da constatação dos tempos, indiscutivelmente, promissores, quando Quissamã, sua gente e os " filhos adotivos" passaram a contar com muito mais qualidade de vida, preocupa -me, hoje, sobremaneira, outro grande patrimônio, que são as páginas de sua história, ser esquecido ou deixar de retratar toda a verdade como só acontece quando ela é contada com todos os detalhes, seus personagens e feitos principais. Inclusive com todos os acertos e, principalmente, seus erros para que não aconteça, com nossa estimada Quissamã, aquilo que o pensador Edmund Burke temia quando alguém, deliberada ou instintivamente, tentava apagar ou esconder: "um povo que não conhece a sua história está condenado a repetí-la". E que viva a história. E que viva Quissamã. E que a verdade prevaleça. Sempre!