quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

DE CARA LIMPA

Dizem que a esperança é a última que morre, mas em relação à validade da Lei da Ficha Limpa para as eleições municipais de outubro, tenho cá minhas dúvidas. Não que duvide da idoneidade dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), tampouco de sua capacidade para discutir e julgar. O que me incomoda - e, certamente, a todos que querem mais ética na política - é se, num país recordistas de leis não cumpridas, essa mesma classe (se podemos chamá-la assim), a mesma que muitas vezes legisla em causa própria, acatará uma iniciativa popular que visa impedir candidaturas de condenados pela Justiça em decisões colegiadas ou então de políticos que renunciaram a cargo eletivo para evitar processo de cassação e que, portanto, ainda podem recorrer da decisão? E mais: levando-se em conta que a maioria da população vivemos em um país em que duas em cada três pessoas consideram o Judiciário pouco ou nada honesto e sem independência, segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, fica difícil acreditar que a Ficha Limpa seja para valer e consiga afastar, de vez, ladrões do dinheiro público.