terça-feira, 8 de maio de 2012

À LUZ DA PSICO

DIAGNÓSTICO FECHADO

Esta semana é mais uma daquelas de grande aprendizado para todos nós. Estamos em pleno conselho de classe, onde professores, orientadores, diretores e psicólogo avaliam, basicamente, os alunos e suas turmas, seu comportamento, o desenvolvimento cognitivo e a interação aluno/família, aluno/escola, professor/aluno, etc. no bimestre. Embora o processo vise mais a avaliação, com o fechamento de notas, frequência, diário e um aceno para o perfil do educando e seus espaços de seu convívio maior ( salas, corredores, pátios, meios de locomoção, transporte) aproveita-se a oportunidade para troca de experiências, discussão sobre modelos adotados em outros centros de ensino, assuntos relacionados à dificuldades no próprio aprendizado e, nesta linha, surgem algumas dúvidas relacionadas a estas dificuldades e suas possíveis causas. Não raro escutar no bojo de algumas dessas discussões alguém falar sobre 'um diagnóstico fechado' de algum aluno que demonstra 'ter problemas' (transtorno, síndrome ou disfunção).
Primeiramente, precisamos partir do princípio de que diagnosticar uma doença mental - esteja ela em qualquer nível -, é sempre difícil para os profissionais que trabalham na área da saúde. É quase sempre multifacetada e não há um quadro claramente delineado para descrever esse estado mental, o que dificulta ainda mais um diagnóstico preciso. Outra questão importante é que o sofrimento não é só do paciente. A família inteira sofre junto e não raras vezes começam a apresentar problemas psicológicos que os acompanha até a sala de aula, a escola, o que requer um acompanhamento por parte desses profissionais. Muitas vezes o envolvimento é inevitável. Como já foi dito anteriormente, o diagnóstico preciso das doenças mentais é difícil. A situação piora ainda mais porque muitas vezes mais de um transtorno aparece no mesmo paciente. Por exemplo, a depressão muitas vezes aparece juntamente com a esquizofrenia. Só que neste caso não é possível afirmar se a depressão surgiu como uma reação, uma resposta à esquizofrenia ou se ela já a antecedia. Ou seja, é difícil estabelecer uma relação de causa e efeito nestes casos.Em relação às famílias, os parentes de esquizofrênicos tem maior probabilidade de apresentar os sintomas da doença. Além disso, eles também desenvolvem mais depressão e transtorno bipolar. Inversamente, pessoas que fazem parte de famílias depressivas tem mais risco de se tornarem esquizofrênicas. Mais uma vez não é possível estabelecer uma relação de causa e efeito, pois não se trata de uma relação unilateral. Tendo isso em vista, os pacientes não podem estar sujeitos a um diagnóstico fechado, em que uma doença automaticamente eliminaria a outra. Ao contrário disso, é preciso reconhecer o parentesco entre os transtornos psíquicos e ter muito cuidado na hora de dar um diagnóstico e de indicar um tratamento.  Outra questão fundamental é o acompanhamento das famílias desses pacientes, já que o sofrimento atinge todos que o cercam e pode, inclusive, desencadear problemas psicológicos nos mesmos. Somente assim é que as famílias terão condições de cuidar e de apoiar o paciente durante todo o tratamento, que deve ser seguido rigorosamente para surtir efeito e garantir se não a cura, pelo menos uma melhora do quadro.