terça-feira, 19 de janeiro de 2016

MUNICÍPIOS NÃO PARAM

Municípios fluminenses, da chamada zona produtora de petróleo, vêm ganhando, novamente, a mídia nacional. E, com a globalização - quem sabe, levada a cabo por alguns áugures das redes -, a internacional. Desta vez, diferente da apresentação de conquistas sociais, grandes obras de infraestrutura, novos empreendimentos, migração atrás de bons empregos - gerados, até, pela busca do serviço público - e de tantas outras pautas produzidas pelo 'ouro negro' e pela compensação oriunda da lei que estabelece o pagamento de indenização, através de royalties, as notícias não têm sido nada alvissareiras. Pelo contrário, jogam mais combustível (com perdão do oportuno trocadilho) numa fogueira já tão cheia de vaidade política, cobiça, lutas fratricidas pela redistribuição no Congresso (existe uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a norma no STF), torcidas pelo quanto pior melhor e tantos outros problemas a infernizar - com objetivo de ferir de morte - a vida de gestores públicos, mas que encontram pela frente empresários, comerciantes e uma população que nunca sentiu tanto os efeitos de uma mudança radical como esta e começa a agonizar e ver paralisado o sonho de viver e trabalhar numa região próspera protegida por um direito adquirido de compensação recebida por danos e riscos ambientais causados pela exploração do petróleo e do gás. Não é de agora que a 'Maldição do Petróleo' (ou seria Maldição na Petrobras, por causa dos desvios praticados pelo governo federal?) faz das suas. Entretanto, com a crise provocada pela variação negativa no valor do óleo, que chegou aos 60%, influenciada pela produção americana, por conflitos geopolíticos, fortes economias em baixa e pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), tendo à frente a Arábia Saudita, que paga pra ver até onde os EUA vão, não faltam argumentos muito claros sobre os efeitos políticos e econômicos devastadores do petróleo. Entre os municípios que mais sofrem com a influência na queda de preços e a grande dependência internacional, está a jovem Quissamã (acaba de completar seu 27° aniversário de emancipação) que, principalmente, desde o início do pagamento da participação especial de royalties, a partir do ano de 1997 (intensificado em 2000), conseguiu alcançar indiscutível papel de vanguarda pelos muitos programas sociais desenvolvidos nas áreas de educação (da creche à universidade para todos); saúde (postos, centro de especialidades, moderníssimo hospital dotados de excelentes recursos tanto para prevenção quanto para o tratamento), ação social (erradicação do trabalho infantil, diminuição das desigualdades, geração de trabalho e renda, cursos de capacitação); agricultura (projetos de eletrificação e diversificação rural, patrulha agrícola, agricultura familiar); esportes (ginásio de padrão semi-olímpico, áreas de lazer em todas as comunidades polo e escolinhas com diversas modalidades) tendo realizado, ainda, obras de vulto baseadas, sempre, nas principais reivindicações de sua gente (saneamento básico em 100% do perímetro urbano, asfaltamento de estradas importantes, construção de casas populares, só para citar alguns, bem como concursos públicos com participantes vindos, de todo país, atrás da qualidade de vida, e isto inclui segurança, e estabilidade propiciados por uma prefeitura que sempre conseguiu - e tem se esforçado para continuar assim - manter em dia suas obrigações com servidores, fornecedores e cidadãos que, agora, vêm sendo, significativa e drasticamente, delapidadas por 'piratas', quer da política ou vindos do mercado petrolífero do mundo árabe, ávidos por destruir tudo de bom feito na pequena Quissamã e nos municípios que compõem a Bacia de Campos e os demais que ainda dependem do precioso bem que, mesmo com as reservas abarrotadas, começam a se tornar finito antes da hora. Mas que não devem conseguir, pois municípios são feitos por pessoas e não podem parar.