quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

CÂMARA FAZ TREM DA ALEGRIA

A crise econômica obriga estados e municípios a cortar gastos, mas em Maceió, uma das capitais mais pobres do Brasil, a Câmara de Vereadores, com 27 parlamentares, contratou, até quarta-feira, 150 pessoas, sem concurso público, para cargos de apoio da Mesa Diretora. O "trem da alegria" tem salários que variam entre R$ 380 e R$ 3 mil. Dos nomeados, pouco mais de cem vão receber R$ 3 mil. O procurador de Saúde da Câmara é exceção: recebe R$ 10 mil.
" Para mim, o nome disso é safadeza "
As nomeações estão no Diário Oficial desde o dia 22, mas as sessões do Legislativo da capital só começam 17 de fevereiro. Cálculos do vereador Oscar de Melo (PP) indicam gastos, até ontem, de R$ 300 mil com as nomeações, assinadas pelo presidente da Câmara, Dudu Holanda (PMN).
- Para mim, o nome disso é safadeza - disse Oscar de Melo.
- Isso é ilegal, por que este pessoal não é concursado. Já temos um povo muito carente em nossa cidade - avaliou Ricardo Barbosa (PSOL).
Os gastos causaram mais confusão após a descoberta de uma lei de 2008 que aumentava de 14 para 25 o número de assessores no Legislativo, elevando a verba mensal de gabinete de R$ 24 mil para R$ 41.400. A nova lei cria mais 200 cargos, todos sem concurso, e gera despesa de R$ 525 mil, mês. Somados com os 150, já são 350 novos cargos, todos sem concurso.
- A lei é imoral e não foi aprovada. Não temos como pagar - disse o 2º secretário, Paulo Corintho (PDT), contrário a esta lei, mas favorável à nomeação de mais 150 pessoas.
A Mesa tentou anular a lei com uma resolução, mas um grupo de vereadores entrou na Justiça e obteve um mandado de segurança. O PSOL, liderado pela vereadora Heloísa Helena, decidiu não nomear ninguém.

Fonte: O Globo