quarta-feira, 16 de março de 2016

ABRAÇO DOS AFOGADOS

Ninguém tem mais dúvida que o ciclo do Partido dos Trabalhadores, vulgo PT, acabou. Ou, na pior das hipóteses, caminhando para um melancólico fim nunca dantes imaginado por seus fundadores, na verdade, ex-fundadores pela vergonha de assistir tanta sinuosidade, tanto roubo de sonhos. E de dinheiro. Depois das quase infinitas tentativas de continuar enganando o povo brasileiro (não foram suficientes os desvios, superfaturamentos, pedaladas e outros estelionatos para se perpetuar no poder), a presidente Dilma e o staff que a cerca - para deleite da oposição e dos milhões que participam, de alguma forma, das manifestações - tiveram a 'boa ideia' ( 51 ou 171?) de sugerir um ministério para Lula, numa clara alusão de que vale tudo para manter a camarilha atuando em prol dos companheiros, blindando seus membros mais 'ilustres' (ou, quem sabe, impedir que ele, desesperado, não suplique pela delação premiada, passando a dizer que 'sabe de tudo' e abrindo o jogo para salvar sua pele e da família?). Mesmo que isto fira leis, preceitos constitucionais, objetivando ganhar foro privilegiado, cometendo, até, desvios de finalidade - como parece ser o caso -, coisa que os PTralhas fazem muito bem (aliás, fazer o diabo é com eles). A despeito do ensaio da tropa de choque dos que desejam ver a presidente como mera figurante e o primeiro-ministro assumindo, de vez (ainda não temos o parlamentarismo), uma das provas de que há tal desvio - e, portanto, a nomeação sendo passível de anulação - vem sendo, sobejamente, confessada por ministros do núcleo político do governo que justificam a ida de Lula para um ministério ( pasmem, não importa qual), dizendo que ele ajudará a presidente Dilma a recompor a base política no Congresso contra o impeachment, sendo capaz até de conter também a debandada do PMDB. Ato administrativo que sofre da pecha do desvio de finalidade e que deve ser declarado NULO, por não alcançar a finalidade expressa ou implicitamente prevista na norma que atribui competência ao agente para sua prática, mesmo que haja relevância social. A verdade é que bateu o desespero geral e a lanterna dos afogados tem muitas mãos. Mesmo com toda presunção de inocência, que os juristas do Planalto dizem que Lula goza (a prisão preventiva foi pedida), a pretensa nomeação é, sim, um patente desvio de finalidade, não atende interesse público - e sim privado do poste em favor do ex - e uma autêntica confissão de culpa. O que lhes renderá uma saída pela porta dos fundos e muitas, muitíssimas, condenações.