O vice-presidente do Brasil, Michel Temer, cancelou, ontem, sua viagem a Lisboa, na próxima semana, quando iria participar de um seminário luso-brasileiro de Direito. O
cancelamento aconteceu depois de ter sido noticiado que o
seminário iria reunir em Lisboa vários líderes da oposição brasileira
num momento decisivo para a sobrevivência do Governo de Dilma Rousseff,
que enfrenta um processo de impeachment no Congresso. As datas do seminário (29 a 31/03) coincidem com a reunião,
na próxima terça-feira, da direcção nacional do Partido do
Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), partido do qual Temer é
presidente, que decidirá se vai continuar na coligação do governo,
dirigido pelo Partido dos Trabalhadores (PT) de Rousseff, ou se vai
abandoná-la. Essa decisão é crucial para Dilma Rousseff porque, se o
PMDB optar pela ruptura, muito dificilmente a presidente brasileira
conseguirá os votos necessários no Congresso para travar o processo de
destituição. A presença de Temer em Lisboa, juntamente com líderes
políticos da oposição que vêm defendendo a destituição, fez soar o
alarme no Brasil por parecer o prenúncio de um pacto para um governo
pós-destituição. Entre os convidados estão os senadores Aécio Neves e
José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), economistas, empresários de várias nacionalidades, etc. Outro participante de peso é Gilmar Mendes, juiz
do Supremo Tribunal Federal brasileiro que na semana passada suspendeu a
posse de Lula como ministro do Governo, tido como uma figura
próxima do PSDB. O seminário é co-organizado pelo Instituto de Direito
Braziliense (IDP), uma faculdade de Direito de Brasília, e a
Universidade de Lisboa.