quarta-feira, 2 de março de 2016

QUISSAMÃ E O DEVER DE CASA

A realidade dos municípios brasileiros é preocupante, com a queda de arrecadação por causa da retração econômica, refletindo, diretamente, no repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). Manter as prefeituras, por exemplo, para novos investimentos, continuidade dos programas sociais e a folha de pagamento em dia, tem sido tarefa das mais difíceis para os administradores municipais. E a população sofre com isto, tendo sido muito penalizada, também, com a inflação alta, limitação do consumo, aumento da inadimplência e, principalmente, pelo que o governo de Dilma Rousseff fez, ou seja, desviando, roubando e deixando roubar. E até pelo que não fez, não resgatando credibilidade, demonstrando liderança para unir os mais diversos segmentos do país ou apresentando provas concretas de que seu governo - e seu partido, o PT - não cometeu tantos erros graves que lhe tem levado à condição de acusado de fraudar as eleições, por conseguinte, provocando rombo nas contas públicas e outros que pedem a cabeça da presidente através do impeachment. No Congresso Nacional e nas ruas. A população mora, inicialmente, nos municípios e, portanto, cobra mais dos prefeitos que vivem acuados pela crise política, econômica e moral devido aos escândalos de corrupção e que, por tudo que se lê e ouve, tendem a se agravar. E o que dizer daqueles que dependem de recursos provenientes, basicamente, dos royalties do petróleo e todo o mundo offshore, como os da Bacia de Campos? Estão todos, sem exceção, caminhando para um quadro caótico, ainda maior, com várias conquistas conseguidas nos últimos 20 anos  podendo ruir a qualquer momento. O que já vem acontecendo, sem que coloquem, de maneira séria, o dedo na ferida, admitam terem sido cometidos erros tanto ou quanto maiores que a crise nacional e falem a verdade. Mas o momento não é de se encontrar responsáveis e apontar este ou aquele. Deve-se procurar soluções de modo a diminuir o impacto que abala a todos, numa tentativa de mostrar uma conta que chega agora cruel, com mais intensidade e sob risco de não fechar.  E foi o que o prefeito de Quissamã, Nílton Pinto (PSDB), tentou fazer, semana passada, ao reunir diversos segmentos da sociedade, entre eles, servidores públicos, líderes comunitários, comerciantes e empresários, num auditório lotado, para mostrar a perda de receita (mais de 35% segundo dados da InfoRoyalties e ANP), que os municípios criaram uma dependência pelos royalties, cometeram alguns excessos em relação aos excelentes recursos recebidos, pelo menos, durante quase 20 anos (o pagamento da participação especial sobre os royalties do petróleo começou em 1997), criando, inclusive, um custeio, hoje, quase insustentável e que a forte queda da arrecadação, refletindo diretamente no repasse do FPM, é verdade, sim, ao contrário do que imaginam muitos e tentam iludir a população alguns outros. Outro fato, no mínimo curioso, foi o prefeito não se 'esconder' num momento difícil como este (o que faz a maioria quando a coisa não vai bem), aproveitando para falar um pouco das ações já empreendidas pela prefeitura, como profundo e necessário corte de despesas e a reforma administrativa - esta a caminho - e outros grandes esforços adotados para que a população conheça a verdade e não sofra ainda mais com uma doença que todos devem torcer para a cura.  Aliás, é o que se espera de homens - e mulheres - públicos, responsáveis e com coragem para encará-la com destemor, mesmo que isto represente algum desgaste político.