quarta-feira, 5 de setembro de 2018

HISTÓRIA NÃO CONTADA

Nossa vizinha, professora aposentada, patriota, politizada, portanto, cheia de histórias e experiências para nos passar, a exemplo de outros brasileiros e brasileiras, pode estar sofrendo alguma influência negativa (do tipo PT, PC do B, MDB, etc) apontando para erros cometidos durante os governos militares (1964-1985) os quais, para ela, "não justificariam a ascensão tão expressiva de alguém oriundo da Caserna, tampouco, seu voto". Para muita gente boa, como a nossa vizinha, super bem-intencionada, ficou uma ideia de que os militares fizeram uma revolução para torturar e matar milhões de inocentes, apolíticos, indefesos, pessoas das quais eles, simplesmente, "não gostavam, não pactuavam de sua ideologia ou não iam com a cara". Só que a verdadeira história -  não aquela que o Partido dos Trabalhadores quis transformar através da fantasiosa, oportunista, lucrativa e revanchista Comissão da Verdade, embora alguns excessos possam ter sido cometidos - é bem diferente, a começar com o que havia no País naquele momento. Vivia-se um grande caos, insegurança jurídica e institucional, subversão e, claro, muita corrupção em cada canto do território nacional, lembrando - guardadas as devidas proporções -  os últimos anos de um "regime democrático" que mata 60 mil pessoas por ano; mantém mais de 40 milhões de desempregados ou que vivem de programas sociais; uma classe política voltada em atender seus próprios interesses e que vive à custa de Nababo (no caso, nós, os contribuintes); uma bolha na economia prestes a explodir; paralisação de obras de infraestrutura; governos perdulários e ladrões; partidos e políticos de aluguel, situação bem parecida com aquela de 1964 que a grande maioria clamou por um fim mas que comunistas, "intelectualoides" e antipatrióticos tentavam dizer que não havia, pegando, até, em armas para combater tal "autoritarismo". A historiografia brasileira defende a ideia de que o golpe não deve ser considerado como exclusivamente militar, sendo, em realidade, civil-militar. Segundo vários historiadores, houve apoio por parte de segmentos importantes da sociedade: os grandes proprietários rurais, a burguesia industrial, uma grande parte das classes médias urbanas (que na época girava em torno de 35% da população total do país) e o setor conservador e anticomunista da Igreja Católica (na época majoritário dentro da Igreja) que promoveu a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, realizada poucos dias antes, em 19 de março de 1964. Neste ano, houve um movimento de reação, por parte de setores conservadores da sociedade brasileira – notadamente as Forças Armadas, o alto clero da Igreja Católica e organizações da sociedade civil, apoiados fortemente pela potência dominante da época, os Estados Unidos – ao temor de que o Brasil viesse a se transformar em uma ditadura socialista similar à praticada em Cuba e, hoje, na Venezuela, Bolívia, Nicarágua (sonho de Lula, Dilma e de toda petralhada,), após a falha do Plano Trienal do governo de João Goulart de estabilizar a economia, seguido da acentuação do discurso de medidas vistas como comunistas na época, tais como a reforma agrária e a reforma urbana. Inúmeras entidades anticomunistas foram criadas naquele período, e seus discursos associavam Goulart, sua figura e seu governo, e o "perigo comunista" ou "perigo vermelho". Esse discurso, que até fins de 1963 ficara confinado a setores da extrema-direita, conquista rapidamente maior espaço e acaba por servir de "cimento da mobilização anti-Goulart", propiciando uma "unificação de setores heterogêneos numa frente favorável à derrubada do presidente".O que houve em 1964 não foi uma revolução. As revoluções fazem-se por uma ideia, em favor de uma doutrina. Para muitos, simplesmente , existiu um movimento para derrubar João Goulart. Foi um movimento contra, e não por alguma coisa. Era contra a subversão, contra a corrupção. Era algo destinado a corrigir, não a construir algo novo, e isso não é revolução. O Brasil estava numa encruzilhada, com a maioria do povo, vivendo dúvidas e incertezas, como agora, vivemos eu, nossa vizinha e milhões de brasileiros e brasileiras que precisam de mudanças que podem vir através do sufrágio universal e do surgimento de alguém que possa fazê-las. De verdade.