Mas as dúvidas e incertezas sobre a validade das pesquisas, para algo sério como definir o destino para mais de 208 milhões de pessoas, não podem cair no lugar comum. Tampouco, o voto de 147.302.354 de eleitores aptos - de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que é como algo etéreo, incerto, em suspensão no plano das ideias até a chegada do gran finale ou gran finales - como querem alguns - que este ano acontecem dias 7 e 28. Numa eleição conturbada e cheia de surpresas como esta, muitos ainda se encontram indecisos – de regra,
apenas aqueles que possuem uma ligação mais forte com algum partido, o
que não é o caso do eleitor médio brasileiro ou com algum candidato que represente ideologia própria, Os demais contemplam
possíveis votos, em diferentes candidatos, com níveis diferentes de
consideração em diferentes momentos da corrida eleitoral. Enquanto escrevemos este texto, cogitamos em quem votaremos, e a
incerteza só se esvairá completamente quando o botão verde for
apertado. A maioria da
população também é assim. E aqui está o ponto. Literalmente, centenas de
milhões de votos pairam “no éter”, se solidificando em passos bruscos,
principalmente pela observação de resultados de pesquisas de opinião de poucas pessoas. Não queremos dizer, com isso, que cerca de 2% farão. Não, o buraco do coelho é mais embaixo ainda. Supomos
que o candidato A tem 49% de votos, o candidato B tem 25% de votos e o
candidato C tem 24% dos votos. Aqui a situação é mais delicada: uma
diferença de mísero 1% impede o candidato A de vencer já no primeiro
turno. Da mesma forma, uma diferença de 1% impede o candidato C de ir ao
2° turno. O que acontece? Pode ocorrer uma debandada dos
potenciais eleitores de C, que “não querendo jogar o voto fora”, votam
em A ou B, para “influir de verdade na democracia”. Um voto em C,
pensam, é como atirar o no fundo do mar. Um voto é precioso, e deve ser útil. O
que eles falham em ver – estas dezenas de milhões de eleitores falham
em ver – é que estão se acovardando perante a mera opinião de poucas pessoas entrevistadas antes (lembra?), o número real que corresponde àqueles 2% na amostragem dos
entrevistados. Dezenas de milhões de eleitores solidificam seu voto e
abandonam seu candidato por causa da opinião (que nem é tão sólida
assim, elas podem muito bem estar dando uma resposta casual e provisória) destes "privilegiados entrevistados" (alguma vez já te abordaram pra saber em quem votaria?). Opinião que, vejam só, pode
ser ela mesma uma resposta influenciada por uma pesquisa anterior. E
aquela por outra, e aquela por uma outra ainda, colhida quando os
entrevistados nem conheciam bem os candidatos, e todos, com a exceção de
um ou dois, eram apenas meros nomes estranhos. Sendo assim, releguemos as pesquisas a um plano secundário e tentemos escolher o melhor (sem essa de bem contra o mal, nós contra eles, movimentos de artistas comprados pela Lei Rouanet, acreditar em tudo que se vê ou ouve e monstros assim), tendo como base informações as mais fidedignas possíveis sobre candidatos, seus partidos e, principalmente, o passado deles e, até, de seus 'padrinhos', no caso de filhos, filhas e cônjuges de políticos presos, etc. Lembre-se, nesta eleição estaremos escolhendo presidente, governador, deputado estadual, federal e dois senadores que, durante quatro anos (exceção à aberração 'senatorial' que são oito e, muitas vezes, ao próprio instituto da reeleição), serão responsáveis diretos pelas profundas mudanças em nossas vidas as quais todos almejamos.