quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
NÃO À CENSURA
Nada como o apagar das luzes para um fim de mandato. Primeiro foi a votação da mudança do regime de pagamento dos royalties do petróleo que, passando à partilha, promete redistribuir o benefício a todos os estados e municípios brasileiros tornando-os "ricos". Faltando poucos dias para o fim de todos os mandatos, o presidente Lula diz que irá vetar a emenda que trata deste assunto e encaminhará uma 'bendita' medida provisória para deixar todos felizes. A segunda coisa relevante, entre tantas que os simples mortais sequer ficam sabendo, é a versão do projeto do governo para o setor de telecomunicação e radiodifusão que prevê a criação de um novo órgão, a ANC (Agência Nacional de Comunicação), para regular o conteúdo de rádio e TV. Coordenado pelo ministro Franklin Martins, pretende discutir um novo marco regulatório para o setor. A nova agência teria poderes para multar empresas que veicularem programação considerada ofensiva, preconceituosa ou inadequada ao horário. Representantes do setor estão bastante temerosos em que a proposta abra brechas para cercear jornalismo e dramaturgia, significando a volta da censura, o que é negado pelo governo pois o conteúdo será analisado depois de veiculado. Para quem tem pelo menos uma vaga lembrança do velho regime autoritário, que mantinha "seu pessoal" em emissoras e centros de cultura, projetos como estes não são bem-vindos pois se parecem mais com um carcinoma a controlar e aniquilar vidas.
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta