quarta-feira, 25 de outubro de 2017

MÃOS AO ALTO

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, determinou que, no próximo domingo (29), a população diga se é CONTRA ou A FAVOR do armamento de sua guarda municipal. Através de plebiscito - atitude elogiável, pois um chefe de executivo deveria, sempre que possível, deixar a maioria decidir sobre questões importantes e controversas como estas -, o município vai sinalizar se quer continuar somente com as polícias atuando no combate à criminalidade, (a guarda dando apoio), ou se quer mais agentes com armas e, portanto, promovendo mais violência, uma vez que é indiscutível que, mais visados, vulneráveis e sob tensão, podem levar ao aumento do número de conflitos. Rodrigo tem deixado claro que, "com o baixo efetivo da PM, a solução seria treinar e armar os guardas" o que considero muito pouco para um município que pretende diminuir seus outros problemas. Temas relativos ao aumento de crimes, ineficiência e corrupção dentro do Estado (e a polícia faz parte do conjunto) e o medo da população não se restringem ao Rio de Janeiro, tampouco a Niterói, pois, raramente, se vê um município, por menor que seja, sem práticas de roubo, latrocínio, sequestro, extorsão, tráfico/consumo de drogas e todos os seus temíveis desdobramentos. A iniciativa da prefeitura de Niterói, para saber o que pensam e querem seus cidadãos, apesar de democrática (caso seja esta a real intenção) vem num momento em que ninguém mais aguenta tanta incerteza, tanta insegurança e o plebiscito de domingo pode conduzir ao voto sim por uma guarda armada o que, além de não resolver o problema em sua plenitude, abrirá mais exceções ao porte de armas, conduzindo à novas partidarizações, cotas, privilégios e brechas para que um governo decida quem está apto ou não para 'defender a sociedade e/ou sua própria vida'. A exemplo do que já acontece, dentro de alguns critérios, com agentes de autoridade de trânsito (recentemente aprovado pelo Congresso), o pessoal das forças armadas, PF, PRF, PFF, PC, PM, CBM, ABIN, DSGSI da presidência da República, polícias legislativas da Câmara e do Senado, agentes e guardas prisionais, guardas portuárias, auditores fiscais, magistrados, ministros do TCU, conselheiros dos TCE's, polícias técnico-científica, membros do MPU, MPE, diplomatas em missões diplomares e consulares e dos agentes dignatários e outras categorias cuja prerrogativa de andar armadas deve se basear na tese de estes terem mais preparo e equilíbrio que outros seres normais. O plebiscito de Niterói é muito mais uma demonstração de desespero das autoridades, que precisam fazer algo para intimidar o marginal e criar ares de proteção, mas reputo a atitude como na contramão uma vez que o criminoso, desequilibrado e disposto a tudo, continuará cometendo crimes hediondos - com armas sofisticadas e pesadas -, as leis continuarão a protegê-los e nós, cidadãos de bem, continuaremos com medo nas casas, no comércio, no trabalho, nos veículos, nas ruas, nas escolas e nos morros. Com as mãos desarmadas pro alto. Fica a pergunta: por que não se faz um plebiscito nacional para saber, por exemplo, se a população é CONTRA ou A FAVOR à pena de morte ou prisão perpétua para quem mata, estupra, sequestra e rouba dinheiro público?