quinta-feira, 10 de maio de 2018

SÁBIAS PALAVRAS

Minha velha e sábia avó - como costumam ser todas as velhas e sábias avós - dizia que "quem com porcos se junta, farelo come"... E deve ter sido este um dos ensinamentos que dona Benedita Gomes, mãe do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, deve ter-lhe dado durante a árdua, porém, irrepreensível vida, fazendo-o mudar de ideia em relação às disputas para presidência da República e desistir da vida política. Pelo menos aquela de mandato eletivo, espera-se. Lembro-me muito bem do dia em que ele, durante a posse como presidente do STF, foi homenageado (mais conhecido como cercado de hipocrisia pela maioria) por várias autoridades - felizmente, não pela então presidente Dilma Rousseff que, logo depois, sofreria o impeachment, livrando o País de parte do sofrimento - inclusive, por sua 'mãezinha' (como ele chamou a velha e sábia Benedita várias vezes durante seu discurso como representante maior da Justiça brasileira, esta, sim, com autoridade suficiente para falar) que, entre outras revelações, humildes, sinceras, contagiantes e superemocionantes, disse que tudo que fez pelo filho foi interceder: " O que eu dei foi oração, ele lutou por conta própria”, contou. Todo o Brasil sabe -  e viu durante os muitos embates no plenário do STF, principalmente, contra o lesa-Pátria e arrogante 'colega' Gilmar Mendes - que Joaquim Barbosa, um homem negro e nascido pobre, muito pobre, aliás, de mãe analfabeta, deu duro para chegar onde chegou e tem uma intelectualidade e saber jurídico de fazer inveja a qualquer um, talvez, pré-requisitos demais para receber apoio da classe política que tem, exatamente, isto ao contrário. Todo mundo sabe, também, que dona Benedita deu muito mais ao filho e que o caráter, o discernimento e a grande experiência nos bastidores, ou não, dos podres poderes da República  pesaram, sobremaneira, na difícil decisão de não entrar na disputa pelo PSD, partido ao qual está filiado e que não deve ter feito muita questão de ver alguém apoiado 'pelas massas' tendo chances de chegar lá e causar transtornos, incômodos e estragos na vida mundana de Brasília e no resto profano do País constituído de representações contaminadas por políticos que em qualquer lugar decente estariam passando o resto de suas vidas numa masmorra ou, até, num paredão de fuzilamento. Finalmente, todos sabemos que, numa disputa, pra valer, numa falsa democracia, mas com fortes tendências ao anti-establishment, ou seja, para apoiar qualquer um que tenha indicativos de mudanças do que aí está (o continuísmo, a mesmice, a roubalheira, a corrupção institucionalizada, a transgressão à leis e ao direito de ir e vir) é muito difícil para um outsider ter chances de entrar no 'jogo', sequer chegar ao segundo turno e vencer as eleições. Sendo assim, a classe política atual, aquela desqualificada, desonesta e que torce o nariz para o que chamam de 'direita e moralista e demais', só tem como argumento dizer que Joaquim Barbosa - bem como Jair Bolsonaro - "não tem chance, não tem plataforma, não tem experiência para gerir um País como o Brasil, tem medo, ou deve ter algo estranho que o impede de participar do pleito", como insinuaram outros pré-candidatos, estes sim, estranhos e sem moral para falar de fichas-limpas como Barbosa e Bolsonaro que representam uma grande parcela da população ávida por um Brasil livre de tanta corrupção e desvio de dinheiro público em diversos níveis. Se seus votos irão migrar para Marina, Álvaro Dias, Ciro Gomes ou Geraldo Alckmin, mais alinhados com os velhos esquemas partidários, só o tempo e as urnas dirão.