Minha velha e sábia avó - como costumam ser todas as velhas e sábias
avós - dizia que "quem com porcos se junta, farelo come"... E deve ter
sido este um dos ensinamentos que dona Benedita Gomes, mãe do
ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, deve
ter-lhe dado durante a árdua, porém, irrepreensível vida, fazendo-o
mudar de ideia em relação às disputas para presidência da República e
desistir da vida política. Pelo menos aquela de mandato eletivo,
espera-se. Lembro-me muito bem do dia em que ele, durante a posse como
presidente do STF, foi homenageado (mais conhecido como cercado de
hipocrisia pela maioria) por várias autoridades - felizmente, não pela
então presidente Dilma Rousseff que, logo depois, sofreria o
impeachment, livrando o País de parte do sofrimento - inclusive, por sua
'mãezinha' (como ele chamou a velha e sábia Benedita várias vezes
durante seu discurso como representante maior da Justiça brasileira,
esta, sim, com autoridade suficiente para falar) que, entre outras
revelações, humildes, sinceras, contagiantes e superemocionantes, disse
que tudo que fez pelo filho foi interceder: " O que eu dei foi
oração, ele lutou por conta própria”, contou. Todo o Brasil sabe - e
viu durante os muitos embates no plenário do STF, principalmente, contra
o lesa-Pátria e arrogante 'colega' Gilmar Mendes - que Joaquim Barbosa,
um homem negro e nascido pobre, muito pobre, aliás, de mãe analfabeta,
deu duro para chegar onde chegou e tem uma intelectualidade e
saber jurídico de fazer inveja a qualquer um, talvez, pré-requisitos
demais para receber apoio da classe política que tem, exatamente, isto
ao contrário. Todo mundo sabe, também, que dona Benedita deu muito mais
ao filho e que o caráter, o discernimento e a grande experiência nos
bastidores, ou não, dos podres poderes da República pesaram,
sobremaneira, na difícil decisão de não entrar na disputa pelo PSD,
partido ao qual está filiado e que não deve ter feito muita questão de
ver alguém apoiado 'pelas massas' tendo chances de chegar lá e causar
transtornos, incômodos e estragos na vida mundana de Brasília e no resto
profano do País constituído de representações contaminadas por
políticos que em qualquer lugar decente estariam passando o resto de
suas vidas numa masmorra ou, até, num paredão de fuzilamento. Finalmente,
todos sabemos que, numa disputa, pra valer, numa falsa democracia, mas
com fortes tendências ao anti-establishment, ou seja, para apoiar
qualquer um que tenha indicativos de mudanças do que aí está (o
continuísmo, a mesmice, a roubalheira, a corrupção institucionalizada, a
transgressão à leis e ao direito de ir e vir) é muito difícil para um outsider ter chances de entrar no 'jogo', sequer chegar ao
segundo turno e vencer as eleições. Sendo assim, a classe política
atual, aquela desqualificada, desonesta e que torce o nariz para o que
chamam de 'direita e moralista e demais', só tem como argumento dizer
que Joaquim Barbosa - bem como Jair Bolsonaro - "não tem chance, não tem
plataforma, não tem experiência para gerir um País como o Brasil, tem medo, ou deve ter algo estranho que o impede de participar do pleito", como
insinuaram outros pré-candidatos, estes sim, estranhos e sem moral para
falar de fichas-limpas como Barbosa e Bolsonaro que
representam uma grande parcela da população ávida por um Brasil livre de
tanta corrupção e desvio de dinheiro público em diversos níveis. Se seus votos irão migrar para Marina, Álvaro Dias, Ciro Gomes ou Geraldo Alckmin, mais alinhados com os velhos esquemas partidários, só o tempo e as urnas dirão.