quarta-feira, 4 de outubro de 2017

PANORAMA

CANONIZAÇÃO A CAMINHO
Se Michel Temer, Aécio Neves, Lula da Silva, Paulo Maluf, Geddel Vieira e Sérgio Cabral não falaram "tem que manter isso aí, viu..."; "matar delator antes de delatar" e não têm nada a ver com tríplex, sítio e instituto; não lavaram sete milhões de dólares; não são donos da mala alguma encontrada em bunker na Bahia contendo 51 milhões de reais e não houve corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa, deve ser tudo uma grande peça de ficção escrita pelas mãos de juízes e procuradores como Sérgio Moro, Marcelo Bretas, Rodrigo Janot e do Tribunal de Recurso de Paris. Portanto, os homens da lei estão loucos e eles é que deveriam ser punidos, rigorosamente, por uma sessão especial do STF, presidida, quem sabe, por Gilmar Mendes, outro dos respeitáveis que deveriam ser canonizados pelo Papa Francisco por tanta inocência, retidão, amor ao próximo e pelos milagres que conseguiram. Entre eles o da multiplicação. 


COLCHA DE RETALHOS
Mais uma vez, a Câmara fingiu que está disposta a esclarecer possíveis envolvimentos de Michel Temer em crimes relacionados à corrupção e fingiu que acatou a segunda denúncia encaminhada pelo ex-procurador da PGR, Rodrigo Janot. E, novamente, vai armar um circo nos próximos dias para que os deputados digam se querem ou não que ela siga para o STF. Mas, na hora H (o momento máximo da transação que vai comprar, cooptar e convencer a maioria), o circo e os fingimentos darão lugar à grana das emendas parlamentares e o presidente escapa de mais uma. É bom ficarmos de olho vivo, pois só falta um ano para as eleições quase gerais (menos prefeito e vereador), inclusive de deputados que votam ou não por esconder as patifarias do Executivo através de um 'dinheirinho' que vem por fora e por dentro das emendas.

PER$UA$ÃO
Só para lembrar: Na primeira denúncia contra Temer, foram gastos mais de R$ 2 bilhões em emendas parlamentares. Ou seja, o poder de persuasão do Executivo aliado ao mau-caratismo e ao preço da maioria da Comissão da Câmara tem a capacidade de fazer coisas que até o diabo duvida. Como dizer não ao clamor popular que exige mais investigações contra quem botou a mão a botija e colocar de joelhos alguns juízes do STF que deverão dizer que não há 'provas claras de envolvimento do presidente, um novo afastamento traria mais instabilidade ao País, problemas na economia, perda de credibilidade internacional, enfim, outros tantos blá-blá-blás utilizados para blindá-lo até 31 de dezembro de 2018.


EXEMPLO COREANO

Que os presidentes da Coreia da Norte, Kim Jong-un e dos EUA, Donald Trump, cometem seus erros e estão doidos por uma guerra, o mundo todo já sabe. Que cada um, a sua maneira (ditadura de um lado e democracia do outro), consegue enganar o povo também. Mas existe uma lição disso tudo pra nós, do lado de cá do Equador. A Coreia equivale ao Estado do Amapá em tamanho físico, um povo privado de informações - sejam canais de TV e rádio sem controle do governo, Internet, nem pensar - com pouquíssimos recursos e hoje embargos internacionais para piorar o que é ruim. Independente de estarem certos ou errados (e uma guerra nos tempos de hoje, de grandes arsenais nucleares, é sempre a pior opção), continuam convictos de que não se pode viver de joelhos. E é aí que devemos torcer para o bom senso prevalecer, os brasileiros deixarem de lado o complexo de Vira-Latas que o torna submisso e, principalmente, que o mundo continue a existir.

BOLA FORA 

Nem Freud explicaria o que vem acontecendo na e com a política nacional (com o País, talvez Jung). Há três anos, eu e milhões de outros eleitores votamos em Aécio Neves para presidente com a esperança de que ele, e o PSDB de tanta gente boa, reoxigenassem a política, tirando de cena o PT de Lula e Dilma, seus 12 anos de roubalheira e se tentasse algo novo, aproveitando as coisas boas feitas pelo governo FHC. Quebramos a cara! Isto não aconteceu, o PT venceu, Dilma sofreu impeachment, Temer assumiu e, hoje, seus poucos mais de 3% de aprovação, mostram que tá tudo muito ruim. Mas para não dizer que a derrota foi só esta, 'nosso' candidato mostrou que faz parte do mesma farinha (sem trocadilho, hein!) de um saco chamado partidos e políticos brasileiros e acaba de ter o mandato cassado pelo STF.

MUDA BRASIL

Os muitos erros cometidos por Aécio Neves, que tinha tudo para chegar ao cargo mais alto da República e trilhar os passos do avô, Tancredo, mostraram que é muito difícil política e polícia (Justiça) não se misturarem. Acabamos de ver comprovado seu envolvimento direto com o que de pior existe, acabando por lhe render igual destino (além do afastamento do mandato parlamentar, Aécio não pode, sequer, sair de casa à noite). Pensar em seu futuro, com brilhantismo e os resultados de outrora, é achar que o Brasil não está mudando. E está. Quem insistir na cantilena de que o povo esquece e, passado um tempinho, reconduz pessoas como ele a condições anteriores (Aécio foi presidente da Câmara federal, governador e ainda está senador) é o mesmo que achar que os últimos números de votos brancos, nulos e abstenções não significa muita coisa e será passageiro. Mas não é!