A entrevista de Lula, concedida, ontem, a uma emissora de TV, deixou claro que o presidente já está com um olho no peixe e outro no gato. Seja qual for o resultado das eleições de outubro, Dilma Roussef, Marina Silva ou José Serra (os mais fortes candidatos, segundo as pesquisas) poderão enfrentar, em 2014, um dos ex-presidentes mais populares que o Brasil já teve. Por mais que tenha tentado desconversar ou negar, a propósito, duas de suas maiores habilidades, perguntado sobre o futuro, Lula deixou claro que sentirá um vazio muito grande e que, em política, não se deve dizer nunca. Ninguém precisa utilizar técnicas psicanalíticas para concluir tratarem-se de autênticos exemplos de parapraxia, um ato falho, indicadores de que existem conteúdos inconscientes, reprimidos, que saltam à luz por uma falha nas defesas do sujeito. Mas é bom ele não se esquecer que, além do gato e do peixe, ainda existe a frigideira onde seus oito anos de governo podem ir direto pro fogo e ele ter de continuar, de pijamas, ao lado de Dona Mariza vendo um programa na televisão sobre culinária, estrelado por uma certa criatura que estará servindo Lula à Provençal a milhões de telespectadores.
