quarta-feira, 3 de novembro de 2010
ABSTENÇÃO RECORDE ATIVA O ALERTA
Superado o processo eleitoral no país que se diz democrático, mas nos obriga a votar, o resultado das urnas demonstra a força do populismo, do assistencialismo e da máxima "tá ruim, mas tá bom", as quais a maioria acreditou, aderindo à candidatura oficial do governo. Dilma Rousseff foi eleita através da popularidade do padrinho e mesmo com toda sua inexperiência política e arrogância, esta inspirada por igual sentimento do partido e de seus aliados que parecem já ter se acostumado ao poder, à corrupção, aos compadrios e toda sorte (e para azar dos que votaram neles) de escândalos que deverão continuar com aval de quase 56 milhões de brasileiros. Mas os números do segundo turno também apresentam outros dados relevantes: cerca de 29,1 milhões de eleitores não foram às urnas votar. O índice de 21,5% de abstenção foi recorde desde a redemocratização do país. Para se ter uma ideia, no segundo turno de 2006 o número foi de 18,9%. Tudo isto mostra que o país está dividido entre os que acham que suas vidas melhoraram e, portanto, votaram na candidata do PT; os que preferiram a mudança e optaram pelo candidato tucano e aqueles para os quais nenhuma das duas opções anteriores era adequada, levando-os à abstenção. Finalmente, o resultado das eleições serviu como um grande alerta, acendendo uma luz vermelha a indicar que boa parte da população brasileira está descrente da classe política e do processo como um todo. Talvez só com uma séria e profunda reforma, onde haja verdadeira seleção de candidatos e instituições desempenhando seus papéis com autonomia e austeridade, se atinja um nível onde votar consciente e motivado faça parte de nossa cultura. Até lá, uma enorme legião continuará a vender o voto, ser enganada ou obrigada a aproveitar o feriado prolongado, sem votar, e quanto a isto não há sistema biométrico que dê jeito.