quarta-feira, 5 de outubro de 2016

GRITO DE ALERTA

As eleições de domingo foram, em termos, um marco na história do país em se tratando de manifestar a contrariedade da população por várias coisas que vêm acontecendo quando o assunto é a política. Ou melhor, relacionado aos políticos com todo o aparato de mordomias e benesses recebidas (todas legais do ponto de vista de o próprio Congresso e o Poder Judiciário tê-las criado e acobertado até agora) e, principalmente, à roubalheira que envolve esta gente na maioria das vezes desqualificada, desumana e antipatriótica. O resultado do eleitorado, que optou por votar em branco, anular ou se abster (incluindo as justificativas, isto é, quando o eleitor está fora de seu domicílio eleitoral) não comparecendo às seções para registrar sua opção pelos milhares de nomes 'escondidos' nas urnas eletrônicas, foi um recorde em vários dos 5.570 municípios brasileiros. Para se ter uma idéia da insatisfação popular e do pouco interesse em participar do pleno exercício de democracia (como alguns teóricos gostam de se referir ao processo), - se bem que ainda somos obrigados a sair de casa no domingo, das 8 as 17 h, de dois em dois anos, para isto - o "Não-Voto" superou a quantidade dos recebidos pelo primeiro lugar nas eleições em nova capitais, incluindo os dois maiores colégios eleitorais do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo. Na capital paulista, o candidato do PSDB, João Dória, foi eleito no 1º turno com 3.085.187 votos. Já a soma de votos brancos, nulos e abstenções chegou a 3.096.304. A situação também se repetiu no Rio de Janeiro. Os dois candidatos que vão disputar o 2º Turno, Marcelo Crivella e Marcelo Freixo, receberam ao todo 1.395.625 votos. Já a soma de votos brancos, nulos e ausências chegou a 1.866.621. Outras sete capitais, Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belém (PA), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS) e Aracaju (SE), também tiveram mais “não-votos” do que o primeiro colocado nas eleições municipais. Outra prova inconteste de que a coisa tá feia, muito feia, aliás, aconteceu em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, onde o grande campeão foi o voto nulo: dos 686,2 mil gonçalenses que foram às urnas, 24,64% depositaram votos em branco ou nulo – resultado superior ao primeiro colocado que recebeu 20,46% dos votos válidos. Somando os brancos, nulos e abstenções, quase metade dos eleitores da cidades abriu mão do voto. Mesmo defendendo a tese de que, sob muitos  aspectos - inclusive aquele que derruba as bobagens sobre a predominância de votos nulos, brancos e abstenções forçando outra eleição com outros candidatos -  é muito melhor votar do que não comparecer para fazê-lo, desde que não sejamos obrigados à distorção do voto, não como direito, considero mais do que legítimo o grito destes milhões de brasileiras e brasileiros que optaram por não sufragar nas urnas nenhum dos postulantes ao cargo de prefeito ou vereador, mostrando que muita coisa está errada e que se fazem necessárias reformas bruscas como, por exemplo, as políticas (eleitorais), reais, profundas e que priorizem os interesses tanto destes que, como eu, fizeram escolhas no dia dois de outubro, mas que também cerram fileiras pelas mudanças diante do muito surrupiado e contrárias ao espírito de corpo institucionalizado que protege fichas sujas, ladrões do dinheiro público, perdulários, nepotistas, incompetentes e outros que nunca poderão ficar imunes à Justiça e longe dos olhos cada vez mais vigilantes de quem votou em alguém ou daqueles que não quizeram fazê-lo. Portanto, senhores eleitos, é de bom alvitre arregaçarem as mangas, trabalharem muito e, principalmente, se manterem na linha e distantes das negociatas e/ou propostas indecentes, porque tem um bocado de gente alerta e disposta a não apoiar a prática, haja vista tantas reações vindas de todos os lados. E que reações.