segunda-feira, 31 de outubro de 2016

RECADO DAS URNAS

A exemplo do primeiro turno das eleições, as urnas das 57 cidades onde houve a segunda - e definitiva - etapa, deixaram alguns recados importantes para todos. Principalmente, para os responsáveis pelo processo (TSE e Congresso Nacional) que ainda insistem na obrigatoriedade do voto (mesmo na justificativa), se negam a fazer uma ampla e verdadeira reforma que motive o eleitorado e o faça acreditar que vale à pena participar daquilo tudo que, muitas vezes, não dá em nada e contribuem para que se continue torrando  dinheiro público (uma fortuna, aliás) com quem e com algo que, na maioria das vezes, pouco acrescenta na melhoria de vida dos brasileiros e brasileiras. O significado dos brancos e nulos, a força dos candidatos ‘não-políticos’, as mudanças nas regras de campanha, a derrota ‘acachapante’ do PT e a pulverização partidária no Brasil estão entre os mais expressivos, revelando o distanciamento entre eleitor e políticos. Sem falar no número recorde de abstenções, como no Rio de Janeiro, mostrando que a capital cultural do país está se lixando para a multa quase simbólica, de R$3, para as propostas, para os candidatos e que já passou da hora de se banir da vida pública todos os que cometem os mais variados crimes e ainda continuam - livres, leves e soltos - com seus nomes nas urnas eletrônicas para serem avaliados. Obrigatoriamente, de dois em dois anos e, como domingo (30/10), em dois turnos. Neste particular, os resultados das eleições em 2016 também apontam para o caminho do voto facultativo pois, talvez, já tenha havido um amadurecimento que nos coloque no mesmo padrão de países com democracia consolidada (segundo relatório do Instituto Internacional para Democracia e Assistência Eleitoral, com sede na Suécia, apenas 30 países mantêm hoje em dia voto obrigatório nas eleições nacionais). Sendo assim, independente de tudo que foi mostrado, de norte a sul do país, nas eleições municipais de outubro, como a repulsa pela classe política, a derrocada da esquerda, o afundamento do Partido dos Trabalhadores (PT) ou mesmo a aparente ascenção da direita, com o PSDB, ficou claro que a população não deseja continuar participando de algo em que não acredita mais, tampouco, ser cúmplice de uma classe política desqualificada ou conivente com tanta roubalheira e descaso praticados por ela.