quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A ESCOLA DE TODOS

A escola onde trabalhamos é igual às outras. Tem bons e maus alunos, com seus comportamentos adequados, inadequados, suas frustrações, alegrias e dificuldades. Aliás, muitas dificuldades. Lá, também chora-se. Ri-se. Existem conflitos, entre eles, problemas de evasão, frequência, 'rodinhas', escreve-se, com o dedo, no vidro do carro, laveme (saudades da ênclise), moral e cívica são quase artigos de luxo (saudades dessa matéria e do significado de Sete de Setembro), pais exigindo que professores eduquem seus filhos - desconhecendo que a eles cabe ensinar -, apelidos e encarnações que muitos antecipam-se chamando de bullying (saudosistas 'tratam' de molecagem mesmo), as famigeradas avaliações (provas, trabalhos, carteirinhas, boletins, COC's, etc.), advertências e, até, suspensões como métodos de aplicação do ordenamento e das regras da instituição, profissionais motivados e outros, nem tanto, encantados ou desencantados com o modelo de educação, na mais plena acepção da palavra, tenta-se incluir da melhor maneira, uso de celular, apesar de restrito por força de lei, como transtorno, tal qual todos os outros internalizantes - ou não - na sala de aula, enfim, a escola onde trabalhamos não possui nada de diferente em relação às demais, uma vez que erra-se, acerta-se, por ser constituída de seres humanos. No entanto, na escola onde trabalhamos, procura-se levar em conta que o ensino e o conhecimento vêm sofrendo uma desvalorização generalizada, não vive-se mais nos anos de 1950 ou 1960, onde um aluno que terminasse o curso primário sabia bem mais que a grande maioria que conclui um superior, atualmente, existe o clichê 'os jovens de hoje são mais difíceis de lidar do que em outras épocas' - na maioria das vezes não havia respeito e sim a aplicação de impiedosos castigos - por causa da falta de limites, mesmo, assim, cumpre-se  a orientação pedagógica, o planejamento, as determinações - que alguns conceituam como dogmas - do MEC, mas tenta-se criar, a todo momento, ações práticas para uma melhoria contínua e, principalmente, busca-se alternativas para que, no conjunto ( governo, sociedade e todos os demais segmentos), a qualidade seja alcançada, procurando fugir do círculo vicioso de apontar culpados e de outros valores arraigados. Na escola onde trabalhamos, incentiva-se, também, o livro como aprofundador de questões (o diretor, por exemplo, em seu aniversário, pediu livros como presentes para doá-los à biblioteca) e procura-se aproximar dos conflitos com o intuito de diminuir as diferenças e dificuldades, indo ao encontro dos problemas para, depois, ir de encontro às barreiras tentado eliminá-las. Finalmente, na escola onde trabalhamos, há consciência de que o sistema carece de inovação mas tenta-se, a todo custo, boas notas e a assunção dos riscos pelos inevitáveis erros. Para tal, por mais repetitivo que seja, a escola onde trabalhamos tem tido uma interação com a comunidade, com objetivo de ampliar o conceito de educar que inclua todos nesta função e, se, ainda, os resultados não estão dentro do desejável - e não estão, mesmo - ninguém omite-se colocando a culpa no outro, tampouco, contenta-se em atingir, simplesmente, uma média que não nos levará a lugar algum. Pelo menos, na escola onde trabalhamos.