Ter chamado Lula de analfabeto não deve abalar, em nada, a independência que tradicionalmente marca as posições políticas de Caetano Veloso. O que fez, ao dizer que ele "é cafona e grosseiro quando fala", foi apenas mais uma manifestação do inconsciente coletivo que existe entre milhões de Silvas, intelectuais ou não, negros ou brancos de olhos azuis e os demais que compõem o país da miscigenação e das dificuldades. E uma constatação. A entrevista do cantor baiano, cujas canções estão sempre próximas aos sentimentos populares, não diminuiu, em momento algum, a importância de Lula no contexto, apenas ratifica uma limitação. Óbvia, por sinal, quando se leva em conta, ainda, a existência dos níveis distintos de alfabetização funcional.
Tentar compará-la a qualquer forma de agressão gratuita- e, pior, tentativa de humilhação -, trará, para Caetano, o mesmo efeito que para o presidente.
