terça-feira, 7 de julho de 2009
BAGUNÇA LEGALIZADA
Em quase 200 anos de história, o Senado deve estar atravessando uma de suas maiores crises. Os sucessivos escândalos - agora revelados pela imprensa - fazem daquela Casa de Leis, que deveria agir com rigorosa fiscalização ao Executivo não fosse o constante nível de comprometimento – um bom exemplo de “bagunça legalizada”. Com um orçamento de R$ 2,8 bilhões por ano, cada senador custa aos cofres públicos R$ 34 milhões, cerca de R$ 2,8 milhões por mês, R$ 94 mil por dia para se manter cada um dos 81 senadores. São cerca de 12 mil servidores, ou seja, 123 para cada senador, quase todos protegidos por atos jurídicos dificilmente derrubados, com salários completamente incompatíveis com nossa realidade. Para se ter ideia, um motorista do Senado, como o mordomo “Secreta” da governadora Roseana Sarney, recebe um salário de R$ 12 mil. Dados tão assombrosos permitem que o Senado crie uma casta privilegiada, com irregularidades e imoralidades como as que vimos aparecer todos os dias, com atos secretos, frutos de uma “bagunça legalizada”, projetada para permitir desvio de dinheiro público, diversos favores políticos - extensivo a parentes e amigos - mordomias para todos e um amplo espaço para negociatas de servidores sem o menor escrúpulo. Combater as ilegalidades talvez não seja difícil se comparado com a tarefa da Mesa Diretora (com ou sem o presidente Sarney) de acabar com as irregularidades e imoralidades cometidas há muito tempo que, agora, com o início da abertura da caixa-preta, passamos a conhecer.