terça-feira, 21 de outubro de 2008

Senador diz que é melhor se aposentar



Sempre apontado como uma das referências éticas do Congresso Nacional, o senador Pedro Simon (PMDB-RS), 78 anos, admite até pensar, às vezes, em antecipar sua saída da vida pública, após mais de quatro décadas no exercício de mandatos eletivos. Em várias entrevistas, ele descarta a possibilidade de disputar nova eleição e se mostra pessimista em relação ao futuro do parlamento brasileiro.
Eleito para seu quarto mandato no Senado em outubro de 2006, Simon tem cadeira garantida na Casa até o início de 2015:
-Não sei se vou chegar lá, na minha família ninguém chegou. Então não penso mais em concorrer. Agora, sinceramente, se fosse concorrer de novo, eu lhe diria que estou cansado, não teria condições de me candidatar de novo. Passou a minha vez", afirma.
Com atuação voltada sobretudo para o combate à corrupção e a defesa da ética nos últimos anos, o peemedebista critica o corporativismo e a falta de iniciativa do Legislativo e a morosidade do Judiciário para combater a impunidade. "O Congresso atual é negativo, muito negativo", critica.
Autor de propostas que restringem a candidatura de políticos condenados em primeira instância e que prevêem a divulgação dos nomes dos candidatos que respondem a processo na Justiça, Simon também não poupa os magistrados.
"Eu acho muito cômoda a posição da Justiça, com todo o respeito, de querer apenas dizer quem está sendo processado. Em compensação, a Justiça não julga nunca", reclama.
Ministro da Agricultura, no governo José Sarney, e líder do governo Itamar Franco, Pedro Simon mantém-se independente em relação ao governo Lula. Por um lado, elogia as recentes iniciativas do Executivo, sobretudo da Polícia Federal, no combate à criminalidade, mas, por outro, condena o radicalismo da base aliada e da oposição no Congresso, que, segundo ele, está minando a credibilidade das comissões parlamentares de inquérito.
"Quem é oposição é radical, defende o governo anterior e é contra o atual. E quem é governo é radical: defende o governo atual e é contra o anterior. Então, as CPIs que estão aí dão em zero, porque cada um defende uma parte e não se investiga coisa nenhuma", avalia o senador, que foi membro destacado da CPI que levou ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.