quarta-feira, 4 de agosto de 2010

ACONTECEU NO CEARÁ, MAS PODIA SER EM QUALQUER LUGAR

Quando li a matéria que passo a transcrever abaixo, lembrei-me dos bate-papos que tinha com o saudoso Dr. Pery (ex-procurador da Prefeitura de Quissamã), quando, então, analisávamos a possibilidade de os benefícios, criados para auxiliar famílias necessitadas, tornarem-se permanentes para boa parte daquelas "almas". Nos preocupava a pouca (ou quase nenhuma) contrapartida e, até mesmo, a extinção da mão-de-obra na cidade em função disso. Não se tratava de nenhuma prática de feitiçaria ou trabalho de oráculo, mas a verdade é que aquela forma de assistência social, pura e simples, já era prevista e traria uma espécie de acomodação para muita gente. E tornar-se-ia um dos maiores tormentos para governantes e empresários sérios deste país.
"Como o setor têxtil é de vital importância para a economia do Ceará, a demanda por mão de obra na indústria têxtil é imensa e precisa ser constantemente formada e preparada. Diante disso, o Sinditêxtil fechou um acordo com o governo para coordenar um curso de formação de costureiras. O governo exigiu que o curso deveria atender a um grupo de 500 mulheres que recebem o Bolsa Família. Só para aquelas que recebem o Bolsa Família. O importante acordo foi fechado dentro das seguintes atribuições: o Governo entrou com o recurso; o SENAI com a formação das costureiras, através de um curso de 120 horas/aula; e o Sinditêxtil, com o compromisso de enviar o cadastro das formadas às inúmeras indústrias do setor, que dariam emprego às novas costureiras.
Pela carência de mão obra, a ideia não poderia ser melhor. Pois bem. O curso foi concluído recentemente e, com isso, os cadastros das costureiras formadas foram enviados para as empresas, que se prontificaram em fazer as contratações. Anotem aí: o número de contratações foi ZERO. Entenderam bem? ZERO! Sem nenhum exagero. O motivo? Simples, embora triste e muito lamentável, como afirma o diretor do Sinditêxtil: todas as costureiras, por estarem incluídas no Bolsa Família, se negaram a trabalhar com carteira assinada. Para todas as 500 costureiras que fizeram o curso, o Bolsa Família é um benefício que não pode ser perdido. É para sempre. Nenhuma admite perder o subsídio. A condição imposta pelas 500 formadas é de que não se negocia a perda do Bolsa Família. Para trabalhar como costureira, só recebendo por fora, na informalidade. Como as empresas se negaram, nenhuma costureira foi aproveitada".