Democracia significa o governo do povo. Isso de certa forma explica, por exemplo, um fenômeno eleitoral e político como o do atual presidente, ex-metalúrgico e sindicalista, Luiz Inácio Lula da Silva. A representatividade de Lula tem como uma de suas mais importantes explicações a sua origem humilde, de migrante nordestino, que veio para São Paulo, se estabeleceu, criou seus filhos, profissionalizou-se e acabou se engajando numa das mais relevantes lutas empreendidas pelos brasileiros nos últimos 50 anos, a batalha pela democracia, contrária à ditadura e suas arbitrariedades. Pelo menos até se eleger, em 2002. A palavra democracia, ao longo das décadas de 1960 e 1970, culminando com o movimento pelas eleições diretas nos primeiros anos 80, revestiu-se de uma aura que transcendia a simples noção de governo do povo. Transcendeu e criou, para os brasileiros, a compreensão de um milagre legítimo e mais que necessário. Milagre que, aos olhos de muitos, começou a se configurar com as eleições presidenciais seguintes e que, para todos os que viveram aquelas celebrações do exercício de cidadania, vem se desfazendo em mil pedaços com algumas vitórias pelo país à fora. A democracia mal havia ressurgido e já se mostrava frágil, para muitos, um engodo, uma farsa. Existiam aqueles que acreditavam que estávamos despreparados para essas práticas de civilidade, que a ausência de liberdades individuais e a verdadeira lavagem cerebral imposta ao povo brasileiro durante a ditadura militar nos haviam tornado incapazes de separar o joio do trigo, de distinguir as melhores propostas, de perceber as reais intenções dos candidatos. E é o que vem acontecendo em muitos lugares, onde a compra de votos e o uso da máquina administrativa com fins eleitoreiros têm mostrado ainda mais a fragilidade da população. E já não se pode dizer que só o mais pobre vende seu voto. A troca por favores, a terceirização de profissionais, a facilitação nas licitações para amigos do rei e dezenas de outras formas de arranjo vêm se tornando constantes na maioria dos municípios brasileiros, principalmente naqueles com boa renda per capita. Ultimamente, só acredito que haverá democracia no Brasil quando o cidadão entender que seu exercício deve contemplar a coletividade e a fiscalização das atividades políticos-administrativas. E que para atingí-la não basta apenas votar. Tem de participar, denunciando irregularidades.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
DEMOCRACIA
Democracia significa o governo do povo. Isso de certa forma explica, por exemplo, um fenômeno eleitoral e político como o do atual presidente, ex-metalúrgico e sindicalista, Luiz Inácio Lula da Silva. A representatividade de Lula tem como uma de suas mais importantes explicações a sua origem humilde, de migrante nordestino, que veio para São Paulo, se estabeleceu, criou seus filhos, profissionalizou-se e acabou se engajando numa das mais relevantes lutas empreendidas pelos brasileiros nos últimos 50 anos, a batalha pela democracia, contrária à ditadura e suas arbitrariedades. Pelo menos até se eleger, em 2002. A palavra democracia, ao longo das décadas de 1960 e 1970, culminando com o movimento pelas eleições diretas nos primeiros anos 80, revestiu-se de uma aura que transcendia a simples noção de governo do povo. Transcendeu e criou, para os brasileiros, a compreensão de um milagre legítimo e mais que necessário. Milagre que, aos olhos de muitos, começou a se configurar com as eleições presidenciais seguintes e que, para todos os que viveram aquelas celebrações do exercício de cidadania, vem se desfazendo em mil pedaços com algumas vitórias pelo país à fora. A democracia mal havia ressurgido e já se mostrava frágil, para muitos, um engodo, uma farsa. Existiam aqueles que acreditavam que estávamos despreparados para essas práticas de civilidade, que a ausência de liberdades individuais e a verdadeira lavagem cerebral imposta ao povo brasileiro durante a ditadura militar nos haviam tornado incapazes de separar o joio do trigo, de distinguir as melhores propostas, de perceber as reais intenções dos candidatos. E é o que vem acontecendo em muitos lugares, onde a compra de votos e o uso da máquina administrativa com fins eleitoreiros têm mostrado ainda mais a fragilidade da população. E já não se pode dizer que só o mais pobre vende seu voto. A troca por favores, a terceirização de profissionais, a facilitação nas licitações para amigos do rei e dezenas de outras formas de arranjo vêm se tornando constantes na maioria dos municípios brasileiros, principalmente naqueles com boa renda per capita. Ultimamente, só acredito que haverá democracia no Brasil quando o cidadão entender que seu exercício deve contemplar a coletividade e a fiscalização das atividades políticos-administrativas. E que para atingí-la não basta apenas votar. Tem de participar, denunciando irregularidades.