Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. O ditado vale também para o governo. Em época de crise, todo mundo quer tirar uma lasquinha dos cofres públicos. É gente graúda que não acaba mais passando a sacolinha no governo federal. As montadoras de automóveis choraram e levaram: o IPI sobre os carros foi reduzido. O pessoal da construção civil também percebeu o caminho das pedras e conseguiu baixar o imposto de alguns produtos. Agora é a vez do setor de eletrodomésticos. O presidente prometeu aliviar a tributação sobre geladeiras e fogões. Prefeitos de pequenas cidades também estão em apuros. As transferências de grana da União despencaram por conta da crise. Alguém adivinha o que eles fizeram? Pediram ajuda ao presidente, que admitiu atendê-los. Mas o governo federal não tem uma engenhoca de fazer dinheiro. Vive dos impostos que recolhe da população. Pois a arrecadação federal não escapou da draga econômica e está diminuindo. De onde Lula vai tirar a verba para tanta ajuda? É bem provável que sobre para as obras federais. Outra válvula de escape é o governo tomar mais dívida para arcar com as promessas. Mas esse negócio de tomar emprestado é perigoso: um dia chega a hora da verdade. No caso do governo, ele costuma ratear a conta entre os contribuintes. A melhor solução mesmo seria segurar um pouco a gastança do governo. Mas disso Lula não quer nem ouvir falar.
Agora São Paulo (Folha On Line)